Com a ameaça de um tempo nada condizente para estes espectáculos, teve lugar a III Capeia da Páscoa (edição 2008), organizada pela A.J.P., na Praça de Touros de Aldeia da Ponte, neste último sábado de Páscoa, dia 22 de Março.
O dia amanheceu bastante cinzento, com alguma ventania à mistura, prenunciando a chuva, que acabaria por chegar na altura do touro da prova, não servindo para desanimar a malta, antes pelo contrário, contando-se uma boa presença do pessoal da raia no Encerro, como vem sendo um hábito, nestas ocasiões.
Manhã bem cedo, ao largo da Praça de Touros, começam a chegar os cavaleiros de todos os lados, trocando-se os primeiros cumprimentos esfusiantes e joviais, destes amantes madrugadores dos cavalos, houve quem se «alevantasse» às quatro da matina, para ferrar e preparar o cavalo, tudo nas calmas sem stress, apresentando-se a preceito.
Assistimos depois à descarga dos cavalos e toca de aparelhar os ditos, que vieram de mais longe, juntando-se a estes, os da terra, rumando com a boa disposição do costume, em direcção às cercanias da raia espanhola, acompanhados de muitos outros, que não querem perder a saída dos touros, depois de uma apetitosa merenda, proporcionada pelos jovens organizadores.
Resolvidos estes assuntos do mata-bicho, com o estômago bem mais aconchegado, tem início a caminhada, rumo à Praça. Os cavaleiros conduzem os bois pelo caminho habitual, ladeados pelos que vão a pé, bem como o magote de carros, carrinhas e tractores, todos os veículos servem para acompanhar, de perto, este cortejo de cavaleiros, touros e cabrestos.
Pelo meio, respira-se um pouco de ar puro, caminha-se um bom bocado a pé, que sabe bem aos pulmões e ao resto do corpo, grita-se, conversa-se e surgem alguns encontros imprevistos. De tudo um pouco se passou no Encerro, com os bois a dar mais trabalho, do que o esperado, com o início de uma correria louca, logo à saída do lameiro, acabando um deles por fugir, tornando infrutífero, o esforço dos cavaleiros para o recuperar.
Com a aproximação à zona da Praça, o alvoroço é bem maior, com as correrias da ordem, sendo necessário vigiar bem as portas da estrada, que para o efeito é cortada por minutos, para a passagem do cortejo, com muito pendurados nas cancelas, assistindo a este espectáculo de cavalos e cavaleiros, com outros mais afoitos correndo à frente, até à entrada na Praça, consumando-se assim mais um Encerro, primeira parte do espectáculo.
Dada a volta dos cavaleiros na praça, para as exibições e as palmas do muito público presente, seguiu-se o touro da prova, apesar do início da chuva, servindo para aquilatar da bravura das reses.
Arrumada que ficou esta questão, mais a recolha das cancelas, ainda à chuva, ala, de abalada até ao almoço nos Balneários, onde nas habituais conversas dos cavaleiros, se comentam os pormenores vividos de perto, retemperando-se também as energias, degustando o almoço, este ano com um porco assado no espeto, com a presença de muita gente, como vem sendo habitual.
Durante o almoço, a chuva não parou de cair, temendo-se a não abertura das condições para a Capeia, puro engano, apesar do tempo nebuloso, lá se conseguiu realizar.
Antes do início da Capeia, foi passeada a Praça pelos jovens, acompanhados pelos Tamborileiros da nossa Aldeia, pedindo-se a Praça ao Tó Chorão, a fazer lembrar as Capeias dos Mordomos.
Quanto à Capeia, propriamente dita, tratou-se de um espectáculo normal para esta época, portando-se a rapaziada à altura do acontecimento, outra coisa não seria de esperar dos Jovens e outros menos jovens, esperando uns touros próprios para esta época, bem voluntariosos por sinal, investindo bem ao Forcão, tendo-se assistido a boas lides a pé, no afoliar, bem como se consumou o agarrar de todos os touros em plena Praça. Divertimento e atrevimento da rapaziada com o Forcão são o que mais interessa nas Capeias, desejável sem azares, de preferência, que foi o que se passou nesta Páscoa em A. Ponte.
Estão de parabéns todos os envolvidos, desde os organizadores, passando pelos cavaleiros, o ganadeiro e a rapaziada, que deram corpo a esta Capeia, apesar do tempo não ter colaborado por aí além.
Como foi anunciado, à noite, a inevitável concentração nos Balneários, para mais uns largos momentos de convívio dos que tiveram a oportunidade de aparecer.
A Capeia da Páscoa da A.J.P. inicia um novo ciclo, terminando no final do Verão, com a maior incidência no mês de Agosto, onde se realizam as de maior porte e valentia, como acontece, todos os anos, nas aldeias da raia do Sabugal.
«Ecos da Aldeia», opinião de Esteves Carreirinha
estevescarreirinha@gmail.com
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