Comunicado da Presidência da Câmara Municipal do Sabugal sobre as grandes opções estratégicas para o desenvolvimento do município.
«O concelho do Sabugal tem, todos sabemos, problemas de competitividade em relação à integração na economia de mercado de consumo, que hoje é considerada a solução ideal para a organização da vida em sociedade.
E não admira que assim seja, já que este modelo é completamente diferente do que aqui vigorava até finais da década de 60 do século XX, pobre e baseado na solidariedade, na partilha e na organização do trabalho colectivo em prol de comunidade e que foi o responsável último da fuga para a Europa e para o litoral de dois terços da população do concelho, em busca de melhor vida.
Porém, o investimento público municipal e Estatal, nas últimas três décadas, dotou o concelho de condições satisfatórias em diversos domínios, casos do abastecimento de água, de saneamento, de rede viária, de equipamentos escolares, de saúde, de segurança, desportivos, de cultura e lazer, de outros serviços públicos (tribunais, finanças, conservatória, central de camionagem, etc.) e de reestruturação urbana (pavimentações, iluminação pública, jardins, etc.).
A curto prazo a Câmara Municipal pretende concluir a requalificação do Cró, a ligação A23-Fronteira e construir o parque de campismo.
O dinamismo associativo criou lares e centros de dia, cooperativas e associações agrícolas, associações florestais, associações de bombeiros voluntários, associações de desenvolvimento, de caça e pesca, culturais, desportivas, etnográficas, musicais, de teatro, enfim…
O nosso território, onde vivem cerca de quinze mil pessoas é vasto, diverso e ambientalmente qualificado. (62% Rede Natura/2000).
Tem um património histórico e monumental representativo de cinco antigos concelhos, e vestígios arqueológicos desde a pré-história.
Tem o Côa, Malcata e Sortelha, (3 marcas nacionais).
Tem uma cultura e sabe fazer únicos que não podem ser imitadas por produção em série (capeias, enchidos, queijos, mantas, compotas, etc. …)
Tem o maior efectivo pecuário da Beira Interior e a ruralidade, a tranquilidade e o ar puro que nos caracterizam.
E o que temos é precisamente o que falta nas grandes cidades da sociedade de consumo.
Como o que faz falta é que “vende” a nossa estratégia tem que passar por transformar o que temos em produto vendável, mantendo a nossa forma diferente de viver e as nossas especificidades. No fundo, a nossa cultura e a nossa dignidade.
Temos que nos convencer que o que temos é bom, muito bom! Temos que rentabilizar as infra-estruturas, os produtos que são únicos e que atraem consumo por serem diferentes e de qualidade e a maneira diferente que temos de viver em sociedade.
Temos que rentabilizar a caça e a pesca.
Temos que tentar organizar a estrutura fundiária de modo a organizar unidades pecuárias e florestais viáveis.
Ou seja temos que produzir e vender o que temos nosso, os enchidos, o queijo, as mantas de farrapos ou de ourelos, as aguardentes e jeropiga, as castanhas, os cogumelos, o azeite, o vinho, e outros produtos artesanais, agrícolas ou autóctones, e além disso temos que angariar estadias turísticas que incluem restauração, dormida e fruição do nosso património ambiental e monumental, e das nossas tradições, com orgulho em ser o que somos e ter o que temos!
Só é possível se todos trabalharmos em conjunto.
A Câmara Municipal, as Juntas de Freguesias, as diversas associações, nomeadamente as IPSS, as empresas e as pessoas são responsáveis, cada um com a sua quota-parte pelo bem-estar colectivo.
Este é na opinião da Presidência da Câmara o principal desafio a vencer para o “desenvolvimento” do concelho.
Organizados podemos fazê-lo.
Manuel Rito Alves
Presidente da Câmara»
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