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João…
Partiste como viveste, em silêncio, como pedindo desculpa de nos incomodares.
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Eras assim, discreto, como se tivesses medo que todos descobríssemos o coração enorme, a capacidade inesgotável de trabalho, a permanente disponibilidade para os outros.
Lembro-te nos nossos momentos bons, nos meus momentos maus – a nossa meninice e juventude no Sabugal; a tua vinda para Lisboa e a experiência extraordinária enquanto operário soldador na Lisnave; as reuniões e acções em prol do Concelho, primeiro, conspirativas e, após o 25 de Abril, no Técnico; a fundação da Casa do Concelho; a tua licenciatura em Filosofia; o período em que vivi na tua casa na Estefânia; a tua saída da Lisnave e o início da tua vida enquanto professor; a tua estadia em Alverca e o trabalho que lá deixaste; o teu entusiasmo no restaurante na Baixa; as nossas conversas, nunca discussões, no Sabugal.
Lembro-te, João, e fico mais rico, pois acredito que do que sou algo te devo – o sentido da honra, do dever cumprido, da amizade e lealdade acima de tudo, do desprendimento para as coisas materiais, do prazer de viver…
João…
Partiste, mas em mim ficaste, para sempre.
Obrigado por teres partilhado parte de ti comigo!
Ramiro
ps. Tento evitar polémicas desnecessárias nas minhas crónicas. Mas não posso deixar de perguntar onde estava a Casa do Concelho do Sabugal no funeral do João Leitão.
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«Sabugal Melhor», opinião de Ramiro Matos
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Setembro de 2007)
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