Há duas traduções para português recomendadas da obra de Platão «Apologia de Sócrates». Uma é de Manuel Oliveira Pulquério e outra é da autoria do filósofo Pinharanda Gomes.
A obra «Apologia de Sócrates» de Platão tem duas traduções de grego para português reconhecidas nos meios literários e intelectuais. Uma pertence a Manuel Oliveira Pulquério e a outra ao filósofo e pensador quadrazenho Jesué Pinharanda Gomes.
O Capeia Arraiana teve acesso a uma análise especializada à tradução da obra assinada por Hugo Santos. Aqui deixamos alguns tópicos:
«Desde o prefácio que se evidencia o poderio do prefaciador e tradutor. A figura do filósofo, na sua defesa solitária, o seu magistério, a época ressaltam, com brilhantismo, das palavras iniciais de Pinharanda. O seu trabalho afigura-se-nos notável e o original surge-nos vertido num puríssimo português, rigorosamente exposto, com a força do que é claro e sólido» escreve o analista literário Hugo Santos.
A força da tradução de Pinharanda Gomes dos textos gregos do filósofo Platão tem passagens com pensamentos dialécticos intemporais. «Ora bem, Atenienses, não faço a minha apologia a favor de mim próprio, como alguém pode julgar, mas principalmente por mor de vós, que, ao condenar-me, erraríeis contra a graça que de mim vos fez o deus (…) Nunca fui mestre de ninguém, e se alguém, jovem ou velho, pretende ouvir-me falar e observar o que faço, nunca a tal me opus, nem nunca dialoguei a soldo, nem deixei de dialogar por não me pagarem (…) Escreveu com brilhantismo de forma e com analítica inteligência o teor da oração socrática (…) A Platão terá interessado mais o teor dialéctico do que o registo novelístico do processo».
E como diz o filósofo: «É possível que nenhum de nós saiba algo de belo e de bom, mas ele julga que sabe quando nada sabe, enquanto eu, que nada sei, não julgo que sei.»
Nunca é demais falar de Pinharanda Gomes. O grande pensador merece todo o nosso respeito e reconhecimento.
jcl
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