Elisabete era uma mulher saciada da vida cosmopolita da cidade e da civilização. Tal como o Jacinto da «Cidade e as Serras» regressou às origens. Reabilitou a memória do pai transformando-a numa unidade de turismo rural acolhedora, às portas do Sabugal, junto à estrada nacional na direcção de Vilar Formoso.
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«Muito tempo um melro nos seguiu, de azinheiro a olmo, assobiando os nossos louvores. Obrigado, irmão melro! Ramos de macieira, obrigado! Aqui vimos, aqui vimos! E sempre contigo fiquemos, serra tão acolhedora, serra de fartura e de paz, serra bendita entre as serras! Assim, vagarosamente e maravilhados. O ar fino e puro entrava na alma, e na alma espalhava alegria.»
A Cidade e as Serras, Eça de Queiroz
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Este extracto da obra «A Cidade e as Serras», de Eça de Queiroz, retrata fielmente o sentimento de Elisabete Pereira Lopes, natural de Rendo, hoje proprietária e responsável da Quinta do Alexandre, uma unidade de turismo rural.
No cinema trabalhou com Fonseca e Costa, Luís Filipe Rocha, Artur Semedo e uma panóplia de realizadores franceses da nouvelle vague, nomeadamente no «La Reine Margot», com Isabelle Adjani, no principal papel. Foi maquilhadora no filme a «Casa dos Espíritos», onde contactou com Meryl Streep, Jeremy Irons, Winona Ryder e Antonio Banderas.
Por motivos profissionais lidou de perto com a classe política portuguesa da direita à esquerda, mas com a humildade que lhe é característica e algum pudor pede para «não se falar disso» sendo certo que correu o mundo, como fielmente retratam os objectos que com bom gosto povoam a casa de turismo rural que fomos conhecer. Com alguma emoção sempre nos vai mostrando uma fotografia, ao lado do Presidente Xanana Gusmão.
Entra-se na quinta por uma avenida de árvores, acompanhados pelos chilrear permanente da passarada, que acompanha o viajante. A Quinta do Alexandre já foi celeiro e pomar, nos meados do século passado, mas hoje é uma unidade hospitaleira de turismo rural com alvará, gerida de forma superior pela sensibilidade desta mulher, que nos confidencia: «Já vi tudo, já corri o mundo. Decidi-me pelo projecto de recuperação desta Quinta que foi de meus pais, por se encontrar abandonada e por este ser um espaço a que tenho fortes ligações afectivas. Acresceu a grande vontade de abandonar a cidade e vir para o campo em contacto com a natureza.»
Esta mulher saciada da vida cosmopolita da cidade e da civilização, regressou às origens, tal como o Jacinto da «Cidade e as Serras». A ideia firme de reabilitar este lugar, transformando-o numa unidade de turismo rural acolhedora, às portas do Sabugal, junto à estrada nacional na direcção de Vilar Formoso, tornou-se realidade.
Nas palavras alguma amargura: «Foi um calvário, um parto muito difícil, aos poucos, aos poucos, vou andando, é muito difícil! Conseguir o alvará para turismo rural, foi uma batalha… Investi aqui todas as minhas economias, sem ajuda de ninguém…»
Como não podia deixar de ser, os quartos todos têm nome e retratam o encanto exterior, com uma identidade própria. Por cerca de 50 euros podemos escolher para pernoitar entre A Bela-Luz, a Alfazema, a Violeta ou o Amor-Perfeito. Com juízo anedótico, relata-nos as dificuldades que teve em convencer o empreiteiro a colocar vidros normais nas janelas das casas de banho, para assim se desfrutar da paisagem. À natureza nada se esconde…
Tendo aberto ao público em Junho, mereceu honras de primeira página numa edição do jornal «Metro». Tem existido procura e já há ocupação esgotada para o Natal. «Trata-se de um grupo de jovens que esteve aqui na Festa da Cerveja, que gostou e regressou agora com mais tempo.»
Quer no interior onde a decoração é conseguida com muito bom gosto, quer no exterior, respira-se tranquilidade, acolhimento e conforto.
No quintal adjacente à casa, em canteiros pedagógicos, a Elisabete cultiva plantas aromáticas, tais como salsa, hortelã, coentros, rosmaninho, alfazema, tomilho e jasmim. As flores, de todas as cores, são transportadas desde o jardim para decoração do interior. Os aromas e sabores de compotas artesanais, despertam todos os sentidos. Nesta casa, o hóspede dispõe de total liberdade para usufruir dos espaços, tendo ainda à sua disposição um frigorífico recheado.
A quinta tem 16 hectares, toda ela arborizada, podendo ser utilizada para passeios pedestres em contacto absoluto com a natureza. No exterior um parque infantil faz as delícias da pequenada. A casa tem ainda belas vistas sobre a cidade do Sabugal e cabeço de São Cornélio.
Na despedida, esta mulher encantadora, sempre nos vai dizendo «mudei de vida, abracei este projecto».
Tal como Jacinto, protagonista da «Cidade e as Serras», esta mulher, no contacto estreito com a natureza, renova-se primeiro liricamente, numa atitude de encantamento, integrando-se depois na vida produtiva do campo. O viajante embrenhado nos seus pensamentos, acredita que usufruir deste espaço, muda a nossa vida.
No outro lado da linha encontrará o paraíso da Elisabete Pereira, nos seguintes contactos:
Telemóvel: 962 338 406.
Email: geral@quintadoalexandre.com
Página na Internet: www.quintadoalexandre.com
Blogue na Internet: http://quintadoalexandre.blogspot.com/
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«Páginas Interiores», opinião de José Robalo
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