A Floresta assume uma importância decisiva para o desenvolvimento do Concelho do Sabugal, tornando-se urgente definir uma estratégia de fomento florestal que envolva todos os actores públicos e privados.
Em crónicas anteriores abordei alguns temas – Albufeira do Sabugal, Reserva Natural da Serra da Malcata e Plano de Ordenamento da Floresta –, que constituem outras tantas oportunidades para o desenvolvimento sustentado do Concelho.
Considero que a floresta deve ser um dos eixos centrais de uma estratégia para o desenvolvimento das nossas terras, tornando-se necessário definir linhas de intervenção que coloquem este sector económico como um dos motores do desenvolvimernto que se pretende.
A questão florestal defronta-se, no entanto, com um problema grave que se prende sobretudo com a excessiva divisão da propriedade, a que se associa um cadastro claramente desactualizado.
Inúmeros proprietários, propriedades de ínfima dimensão, desconhecimento muitas vezes dos reais proprietários, níveis etários muito avançados dos que ainda exercem alguma actividade agrícola, ausência no estrangeiro ou na grande cidade dos herdeiros, são outros tantos obstáculos que impedem ou dificultam uma gestão correcta da floresta.
A Câmara e as outras instituições com actividade neste Sector – COOPCÔA, Associação de Desenvolvimento Rural e Agrícola das Beiras, ACRISABUGAL, Associação dos Produtores Florestais e Agrícolas dos Fóios, COAFLOR, entre outras –, vêm desenvolvendo um conjunto de actividades muito mais centrada na defesa da floresta contra incêndios, o que sendo urgente e inadiável, não é suficiente para dar à Floresta o papel que lhe pertence.
Torna-se assim necessário ir mais longe, cabendo, em meu entender, um papel essencial à Câmara Municipal, na definição de uma estratégia de fomento florestal e na procura de um instrumento de concretização dessa mesma estratégia.
Neste sentido a Autarquia deve liderar um processo que envolvendo todas as partes públicas, associativas e privadas, o qual pode, por exemplo, passar, numa primeira fase, pela criação de uma Empresa (Municipal?) de Fomento Florestal, em que os accionistas seriam a Administração Central, Regional e Local, as diferentes Instituições privadas com intervenção nesta área, as Instituições Bancárias, as empresas produtoras e/ou exploradoras do sector com actividade no Concelho e, naturalmente, os proprietários individualmente.
Esta entidade deveria fazer a gestão da floresta dos seus accionistas, com especial destaque para a floresta pública, permitindo ganhos acrescidos decorrentes da agregação da propriedade.
Não pretendo que a Autarquia se substitua ao normal funcionamento do Sector, penso que, na situação actual, é importante haver um elemento congregador e dinamizador, e é este o papel que considero dever ser assumido pela Câmara Municipal.
«Sabugal Melhor» opinião de Ramiro Matos
ramiro.matos@netcabo.pt
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