Ana Manso é deputada pelo circulo eleitoral da Guarda e vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD. O seu percurso profissional regista a dedicação à administração hospitalar e às causas sociais da saúde.
Ana Maria Sequeira Mendes Pires Manso nasceu na freguesia de Videmonte, concelho da Guarda. Mas como casou com um lagarteiro (o marido é de Aldeia do Bispo) faz questão de afirmar que é «importada e adoptada pelo Sabugal».
Ana Manso é deputada social-democrata pelo círculo eleitoral da Guarda. Tem desenvolvido intensa actividade parlamentar sobre o distrito e a problemática da saúde regional e nacional através de iniciativas e requerimentos nas comissões e sub-comissões a que pertence.
– O que faz uma mulher beirã na política parlamentar?
– Sou sensível a tudo o que diga respeito a causas sociais. Mas como me alimento de causas costumo dizer que tenho o espírito da política local, da política próxima das pessoas.
– Propôs a elevação da vila do Sabugal a cidade?
– Apresentei durante a IX Legislatura a elevação das vilas do Sabugal, Trancoso e Meda à categoria de cidade e da aldeia de Vila Franca das Naves a vila.
Uma das propostas parlamentares mais marcantes da deputada Ana Manso foi a criação do Dia Nacional dos Avós. Quisemos saber mais…
«Foi a iniciativa que mais prazer me deu. Aprovada por unanimidade por todas as bancadas. Claro que fiquei muito orgulhosa. A primeira comemoração foi em Trancoso e convidaram-me para madrinha. O Interior é um espaço de excelência para os idosos. Os lares têm qualidade. Por falta de condições e maus tratos apenas fecham nas grandes cidades. Recebo sempre lições de vida quando visito os lares do meu distrito. Aprendo muito a falar com as pessoas», explicou com simpatia.
– Mas também assinou a inexplicável petição do «Dia Nacional do Cão»…
– Não é propriamente a pergunta ideal… Foi uma proposta da direcção e os deputados que estavam presentes assinaram. Eu estava ao lado do deputado Arménio (Santos) e olhámos um para o outro sem perceber. Foi uma iniciativa ainda hoje de difícil explicação. Chamemos-lhe uma brincadeira legislativa onde fui apanhada na curva. Deve ter sido uma encomenda de alguém.
A Lei do Aborto é um dos temas incontornáveis quando falamos com uma especialista hospitalar…
«Sou contra o aborto por princípio mas votei sim pela despenalização por uma questão de justiça e de saúde pública. Vamos estudar a realidade e investir na prevenção. Votei pela pílula do dia seguinte como recurso de emergência até 72 horas mas sou contra a sua utilização indiscriminada e irresponsável. Em matérias de consciência o meu partido sempre deu liberdade de voto aos deputados», esclareceu com convicção.
– Nesta legislatura o Ambiente e as autarquias têm estado muito presentes nas suas intervenções…
– Mais de 90 por cento da nossa legislação é aprovada na União Europeia. A qualidade de vida interfere com as pessoas e por isso é necessário saber o que se está a passar nas autarquias. Uma coisa é ter a informação tratada e outra é colhê-la junto das populações. Não é tanto uma questão financeira é mais uma questão de sensibilidade dos autarcas. Há autarquias que investem e há outras em que está diluída nos interesses. No distrito há o bom exemplo de Manteigas. Sérios e dedicados às causas. A questão do Ambiente é isso mesmo.
– E sobre Correia de Campos, o ministro da Saúde?
– O actual ministro da Saúde tem sido muito desajeitado e tem andado muito nervoso. A política de saúde não se pode fazer fechando serviços para cortar despesas. Estudos técnicos concluíram que o Ministério da Saúde tem 30 por cento de desperdício. Era preferível gerir bem.
– Concorda com o fecho dos centros de saúde concelhios?
– Fechar serviços nas zonas mais carenciadas é um erro. Este Governo já leva 119 milhões de euros gastos em estudos de toda a espécie. Defendo o investimento na medicina familiar, vulgo médico de família, e um novo enquadramento legal das farmácias. Não posso concordar com uma política de saúde que deixa os pobres mais pobres. É uma política má para o País e péssima para as populações do Interior. O sistema de saúde deve ter como prioridade a prevenção. Há medicamentos em Espanha pagos na totalidade que ficam mais baratos que os nossos comparticipados. Veja o exemplo da Tibolona, um medicamento de prevenção da osteoporose (falta de cálcio) que custa 31 euros. Já há doentes a comprar a prestações as embalagens. Os portugueses já não têm dinheiro para a sua saúde. Temos 500 mil doentes em lista de espera. Há um hospital privado que tem o monopólio da ADSE onde as consultas demoram cerca de oito meses.
Ana Manso fala da Saúde com paixão. Percebem-se na sua voz as convicções da alma na defesa da qualidade de vida das populações. O distrito da Guarda está cada vez mais envelhecido e a necessitar de cuidados especiais. Mas… definitivamente a solução não é dar cabo da saúde ao Interior.
– Como sentiu a derrota nas eleições para a Câmara da Guarda?
– Perdi as eleições para a Câmara Municipal da Guarda mas aprendi que a derrota nunca é o final. É apenas o princípio de um novo ciclo.
Para o fim ficou o futuro. Da Guarda e do seu partido…
«A Interioridade é uma oportunidade. O litoral para evoluir precisa de um Interior desenvolvido e com boas acessibilidades. Gosto de dizer que há dois vectores muito importantes: o primeiro é a Ruralidade. É necessário investir na promoção das nossas marcas, da boa comida e das nossas tradições; e o segundo é disponibilizar infra-estruturas para puxar e convencer os investidores a acreditar na nossa região. A política traz-me muitas preocupações, muitas dúvidas, muitas angústias mas estou optimista em relação ao futuro. O PSD vai ganhar 2009 com esta nova forma de fazer política mais tranquila, mais alegre e mais humana», concluiu.
jcl
E qual foi a grande vantagem de o Sabugal ter sido elevado a cidade?
Gostava de saber isso…