Um livro valioso escrito por um homem simples e humilde, cuja memória prodigiosa lhe permitiu descrever ao pormenor como era a vida no Soito da sua juventude.
Sem ser um erudito, nem a isso aspirando, José Manuel Lousa Gomes, quis deixar para a posteridade o seu testemunho de vida, que afinal é a história de uma aldeia num determinado tempo: o da sua juventude. Ali temos os usos e costumes, as tradições, as lendas, as profissões e até os nomes das pessoas do Soito no seu tempo.
Um valioso testemunho de vida e, sobretudo, uma obra de relevante valor etnográfico. Numa linguagem elementar, mas rigorosa, aborda as vidas de antigamente que recorda com saudade. A vida era dura e difícil, mas as gentes conviviam e ajudavam-se. Conta mesmo casos acontecidos, que testemunhou, e que o marcaram para sempre. Trata-se pois de um livro diferente, baseado nas recordações de um homem afectivo, que guardou sempre a memória e a saudade da sua terra, embora a vida o impelisse a ir para outras paragens, na mesma senda em que seguiam os demais soitenses do seu tempo.
A humildade que o caracterizava levou-o a expressar na própria obra: «este livro, embora sem valor literário, foi escrito com os olhos na alma, por os do corpo terem ficado cegos de amores pelas duas terras que referi…!». As duas terras foram precisamente o Soito, a que dedica o estudo, e a Póvoa de Varzim, terra que o acolheu e onde viveu na idade adulta.
plb