«A origem das capeias arraianas foi em Fóios, mas não vejo qualquer problema que outras aldeias também as realizem», foi o que o presidente da Junta de Freguesia dos Fóios, José Manuel Campos, declarou ao jornal Diário XXI, no dia em que se realiza a capeia da aldeia, assumindo que foi ali que tudo começou.
Hoje, 21 de Agosto, realiza-se nos Fóios a tradicional tourada raiana. O largo da praça foi fechado com bancadas de improviso para que a população possa assistir à evolução do forcão a que pegará a rapaziada fojeira.
O autarca dos Fóios, prestou declarações ao jornal Diário XXI por ocasião da realização da capeia na sua terra, falando do contexto local e temporal em que a tourada teve a sua génese. Após associar a origem da capeia ao contrabando efectuado pelas gentes dos Fóios, acaba afirmando que foi mesmo na sua terra que tudo começou e daí se espalhou pelas restantes aldeias raianas.
Transcrevemos o essencial do artigo de Daniel Sousa e Silva, jornalista do Diário XXI, que cita abundantemente o autarca dos Fóios:
«Era há muitos anos hábito os jovens irem ao contrabando a Espanha, muitas vezes com sacos de 20 ou 30 quilos às costas», estes grupos atravessavam as serras «onde havia muito gado bravo espanhol».
«Espicaçados pelo excesso de folia os contrabandistas decidiam cercá-lo e trazê-lo até à povoação». Nessa altura, «o gado era guardado nuns currais para depois ser levado até ao largo, onde os moços brincavam com eles para mostrar que eram valentes».
«Os espanhóis aperceberam-se da forma como o seu gado estava a desaparecer. Naturalmente apresentaram queixas junto das autoridades portuguesas e até houve alguns problemas», explicou.
Como as pessoas da aldeia «gostavam mesmo muito daquela animação, decidiram ir falar com uns agricultores espanhóis para que o gado pudesse vir até cá por mútuo acordo», esclarece José Manuel Campos. Foi assim, «em data difícil de estimar», que arrancou a tradição nos moldes actuais.
A popularidade da festa de Fóios espalhou-se e agora a tradição repete-se em mais de uma dezena de localidades do Sabugal.
Uma entrevista que certamente irá gerar polémica, porque outras terras raianas têm reclamado estarem na origem da peculiar tourada raiana, única no mundo. Adérito Tavares, professor universitário natural de Aldeia do Bispo, defende no seu livro «A Capeia Arraiana» que a tourada teve origem na Lageosa e nos Forcalhos, aldeias portuguesas que estão defronte da Ginestosa, uma extensa mata espanhola onde os toiros bravos pastavam. O gado bravo atravessava frequentemente a raia e invadia os terrenos de cultivo portugueses. «Entre protestos e ameaças, os ganadeiros espanhóis começaram a pagar os prejuízos cedendo gratuitamente, a algumas aldeias raianas, uma meia dúzia de vacas bravas durante um dia», escreve o autor, cuja tese surge agora contrariada por José Manuel Campos.
plb
ja me contava a minha bisavo que quando eram novos os irmaos delaeram “contratados” pelas gentes dos foios para este lhes ensinarem a pegar ao forcao.
Cada um pode puxar a brasa à sua sardinha, mas desde sempre ouvi contar a versão de Adérito Tavares, ou seja, o gado bravo que pastava na Ginestosa, paredes-meias com as terras de Forcalhos e Lajeosa, por vezes dava prejuízos nas culturas e lameiros das referidas terras raianas e os Espanhóis para compensar os danos causados emprestavam o gado para a capeia.
A continuidade originou e enraizou a tradição da capeia, de tal modo que, além das vacas, começaram a pagar, para ter alguns toiros para lidar…
Segundo os Forcalhenses, mais idosos, começaram por oferecer ao dono do gado um chapéu…e tal como aos cavaleiros que ajudavam ao encerro, oferecia-se também o almoço.
Há também quem associe os Forcalhos à origem da palavra forcão….