O concelho do Sabugal precisa de encontrar uma dinâmica própria que o afirme no contexto regional e nacional e que atraia gente, mesmo que apenas para aqui passar um dia ou uma tarde.
Quase não se passa fim-de-semana sem que em Almeida exista uma actividade programada, pensada para dinamizar a vila amuralhada e promover o turismo. São as feiras do fumeiro, as recriações das invasões napoleónicas, os congressos e seminários temáticos, as mostras gastronómicas, e até os encontros das míticas Renault 4L. Tudo o que atrai povo e pode constituir notícia Almeida acolhe com empenho.
Para melhor afirmação da vila, o município lançou mesmo um concurso de ideias para encontrar um logótipo adequado.
Almeida, embora vila, é, como bem se sabe, a «aldeia histórica» da Beira mais procurada, com mais de 80 mil visitantes por ano, na sua grande maioria espanhóis. Durante décadas votada para segundo plano, mesmo a nível concelhio (Vilar Formoso foi o grande centro urbano, comercial e industrial do concelho), Almeida ergueu a cabeça e começou a beneficiar com o magnifico património histórico que guarda e com a dinâmica que o município lhe colocou. A última é que vai aderir à Associação Portuguesa de Vilas Novas Medievais Planeadas, tendo em vista estudar e colocar em prática acções destinadas a conservar e divulgar o património de Almeida.
Em contraponto, como anda o Sabugal? Pouco ao nada se vê à vista. Com reduzida animação cultural, feiras temáticas, manifestações festivas ou outros eventos, não há quem venha visitar-nos. As poucas iniciativas que temos estão viradas para dentro e são pouco divulgadas, parecendo haver vergonha em bradar ao vento que algo vai acontecer e que todos são bem vindos. Em sequência desta entropia os restaurantes não progridem, as unidades hoteleiras estão às moscas, o comércio não vende.
O Sabugal é historicamente a capital de Riba Côa. Quando no século XIX Mouzinho da Silveira desatou a degolar concelhos, o Sabugal foi das vilas que mais beneficiou, passando a ser cabeça de um vasto território de municípios extintos: Sortelha, Vila do Touro, Alfaiates e Vilar Maior (sem contar Castelo Mendo, que nos chegou a estar afecto). Mas o tempo passou e a vila, que paradoxalmente se tornou cidade, perdeu toda a importância no contexto regional.
Cabe aqui deixar um apelo à Câmara Municipal, e em especial ao seu presidente, tido por muitos como pessoa de dinâmica: programe para todos os fins-de-semana uma actividade no concelho, que aqui traga gente e dê movimento e actividade económica às nossas terras, em especial à sede do concelho e à aldeia histórica de Sortelha. Com isso todos temos a ganhar.
«Contraponto» opinião de Paulo Leitão Batista
leitaobatista@gmail.com