A Guarda e Vilar Formoso vão receber um memorial evocativo do cônsul Aristides de Sousa Mendes, que perpetuará os nomes dos 30 mil refugiados que durante a II Guerra Mundial foram por ele postos a salvo da perseguição nazi.
Foi em Vilar Formoso, no dia 19 de Junho, pelo presidente da Região de Turismo da Serra da Estrela (RTSE), Jorge Patrão, durante a recepção a cerca de três dezenas de descendentes do diplomata português.
Jorge Patrão disse que o projecto do Memorial, a executar em parceria com as Câmaras Municipais de Guarda e Almeida, será apresentado publicamente a 12 de Julho.
«Um dos objectivos é criar um espaço de memória que dignifique Portugal, a região e estas terras que têm a ver muito com este acto de justiça e de salvação, praticado por Aristides de Sousa Mendes», justificou Jorge Patrão à Agência Lusa.
No monumento, será colocado um registo com os 30 mil nomes das pessoas que foram salvas do holocausto nazi pelo cônsul de Portugal em Bordéus (França).
«Esperemos que ajude a perpetuar a figura de Aristides de Sousa Mendes, por um facto que já devia ser perpetuado há muitos anos», disse Jorge Patrão, reconhecendo que «o Estado ainda não fez toda a justiça que o acto merece».
Em Vilar Formoso – onde a comitiva de descendentes do cônsul chegou terça-feira à noite – o presidente da Câmara Municipal de Almeida, António Baptista Ribeiro, condecorou o cônsul português, a título póstumo, como cidadão honorário do Município.
O autarca também descerrou, simbolicamente, uma lápide de homenagem na estação ferroviária da fronteira portuguesa – que mais tarde deverá ser colocada no interior do edifício – local por onde entraram os refugiados, a bordo do comboio Sud Express.
Estiveram ainda presentes a filha do cônsul, Maria Rose, e o neto, António Sousa Dias. Na comitiva esta ainda Manuel Dias, presidente do Comissão Nacional Francesa de Homenagem a Aristides Sousa Mendes.
Aristides de Sousa Mendes, nasceu em 1885, em Cabanas de Viriato. Profundamente católico, não ficou indiferente aos milhares de pessoas que, fugindo aos exércitos de Hitler, procuravam chegar a Portugal para alcançar o continente americano. Entre 17 e 19 de Junho de 1940, assinou 30 mil vistos para salvar pessoas do holocausto nazi, contrariando as ordens do Governo de Salazar, situação que o levaria à expulsão da carreira diplomática. Foi julgado em processo administrativo e demitido do serviço público. Morreu a 3 de Abril de 1954 em Lisboa, no Hospital da Ordem Terceira, depois de uma intensa carreira diplomática que também incluiu países como o Brasil, Espanha, Estados Unidos e Bélgica.
plb
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