Cumpriram-se há dias, em 3 de Abril, 196 anos sobre a Batalha do Sabugal, que opôs o 2.º corpo do exército francês, dirigido por Reynier, ao exército anglo-luso, directamente comandado por Wellington. Foi o último combate da Guerra Peninsular em território português, ali se decidindo, em definitivo, a sorte das armas. Por incrível que pareça nenhum padrão ou obelisco assinala no local da batalha.
O exército invasor vinha em retirada, em marchas forçadas, espalhando os vários Corpos pela região, e dirigindo-se o 2.º ao Sabugal, ocupando a vila e acampando no sítio do Gravato, dois quilómetros a sul do Sabugal, num alto sobranceiro ao rio Côa, na sua margem direita. Wellington, que lhe vinha no encalço, estabeleceu o posto de comando no cimo do monte do lado direito do rio, frente ao castelo do Sabugal e dali decidiu executar uma manobra que isolasse o Corpo de Reynier do resto do exército francês, destroçando-o. O plano do comandante inglês consistia em entreter as forças napoleónicas com pequenos ataques ao acampamento do Gravato a partir da margem esquerda do rio, enquanto que o grosso das forças executava uma longa manobra de envolvimento, que consistia em atravessar o rio nas Peladas, já perto de Quadrazais para dali avançar sobre o corpo do exército francês, apanhando-o pela rectaguarda.
Porém o nevoeiro da manhã de 3 de Abril comprometeu os planos de Wellington, já que a brigada ligeira que fora incumbida de executar uma primeira investida atravessou o rio um pouco acima da vila do Sabugal e avançou a coberto da névoa, assim surpreendendo os franceses que não contavam com a manobra. Quando o nevoeiro se dissipou Wellington viu que a sua pequena força combatia em clara desvantagem porque os franceses haviam-se reorganizado e estavam prestes a rechaçar o ataque. Decidiu então lançar todas as forças de reserva em defesa da sua posição. Após demoradas escaramuças as tropas francesas foram derrotadas, ficando o alto do Gravato e os campos vizinhos juncados de cadáveres, na sua grande maioria de soldados gauleses.
A Reynier, com o posto de comando instalado num alto sito a Leste do Sabugal, restou-lhe retirar, obedecendo às ordens do Marchal Massena que reuniu o 2.º, 6.º e 8.º Corpos em Alfaiates, de onde seguiu em marchas forçadas para Ciudad Rodrigo.
A batalha do Sabugal, também chamada do Gravato, foi o último dos combates onde ambos os lados lutaram determinantemente para vencer.
Dentro em breve serão passados 200 anos sobre tão importante acção militar da guerra peninsular, sem que, até hoje, nenhuma autoridade civil ou militar decidisse assinalar o facto no local do Gravato. Já Joaquim Manuel Correia o notou há cem anos, escrevendo no seu livro Memórias sobre o Concelho do Sabugal: «Não nos consta que ali tenha sido colocado um singelo obelisco comemorativo.»
Como vale mais tarde do que nunca espera-se que, prestes a comemorar os 200 anos da importante batalha, pelo menos a Câmara Municipal ou a Junta de Freguesia, decidam evocar a história sinalizando o local em que a mesma ocorreu.
plb