Natural de Aldeia da Ponte, concelho do Sabugal, aficionado das capeias arraianas, desportista e activista do movimento associativo, Esteves Carreirinha é um raiano empenhado na divulgação das nossas terras.
Estivemos à fala com Esteves Carreirinha na Casa do Concelho do Sabugal, ao almoço, degustando uma pá de javali. Homem de falar afável, o Esteves transpira simpatia, sentindo-se nele o espírito da camaradagem apenas característico dos genuínos arraianos. Magro e baixo, de tez seca, é contudo um homem duro, um vergalhudo da Raia, dos que no tempo da miséria seguiam a caminho de Espanha com o carrego às costas.
Há mais de 30 anos fixado em Lisboa, trabalha no Instituto Nacional de Estatística. Aqui constituiu família, mas sem nunca esquecer as raízes. Sempre que pode é para Aldeia da Ponte que ruma, onde se embrenha na vida aldeana, organizando ou colaborando nas actividades sociais. Organizou durante anos as conhecidas capeias da Páscoa de Aldeia da Ponte, com as quais se angariaram os fundos para construção do recinto desportivo. Adorado pelos jovens, com os quais colabora em permanência é presidente da Assembleia Geral da Associação Juventude Pontense.
Foi um dos fundadores da Casa do Concelho do Sabugal em Lisboa. Integrou os sucessivos corpos sociais, e empenhou-se em muitas das iniciativas da colectividade. Foi o Esteves que ao longo dos anos organizou o torneio de futebol interaldeias, geriu a participação da casa nos jogos tradicionais de Lisboa, preparou os desfiles etnográficos, escolheu os toiros para as capeias arraianas.
Igual a si próprio, hoje o nosso interlocutor preocupa-se com a realização que tem em mãos: a organização das festas de Aldeia da Ponte deste ano, onde o filho mais novo é mordomo. «É a segunda festa que colaboro na organização. A primeira foi com o filho mais velho, há quatro anos – uma festa de estalo que agora gostava de igualar», confessa-nos com um olhar activo e sagaz.
«Tive sempre o desgosto de não ter sido eu próprio mordomo da festa de Santo António», conta depois com algum ar de mágoa. «Fiquei órfão de pai aos 14 anos e na Aldeia da Ponte há a tradição de não se nomearem mordomos os rapazes que não tenham pai. Assim fiquei de fora, porque nunca quis pedir para me nomearem. Agora, que os meus filhos foram mordomos, sinto-me recompensado, e ajudo-os em tudo para que as nossas festas tenham o esplendor que merecem».
Esteves Carreirinha, um exemplo de dedicação e empenhamento.
plb
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