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Efemérides 2015 – 13 de Janeiro
:: :: EFEMÉRIDES 2015 :: 13 DE JANEIRO :: :: O Capeia Arraiana publica diariamente as efemérides mais relevantes de cada data… Importa recordar alguns eventos marcantes. Fazemos alusão a efemérides regionais, nacionais e internacionais e destacamos os acontecimentos históricos que merecem uma atenção especial.

Imagem do Ano 2013 – Kim Tomé (Tutatux)
O Capeia Arraiana escolheu para «Imagem do Ano 2013» uma fotografia das Cataratas do Iguáçu da autoria do sabugalense Kim Tomé (Tutatux). O repórter fotográfico vive actualmente no Brasil onde se comemora esta quarta-feira, 8 de Janeiro, o «Dia Nacional do Fotógrafo».
Manuel António Pina – a morte aos 68 anos
Faleceu na tarde desta sexta-feira, 19 de Outubro, no Hospital de Santo António, no Porto, onde estava internado desde o início do Verão, o escritor e jornalista sabugalense Manuel António Pina.

MANUEL ANTÓNIO PINA era jornalista, cronista, escritor, poeta, dramaturgo, actividades em que se notabilizou.
Nasceu no Sabugal em 18 de Novembro de 1943 e viveu a infância numa constante mudança de lugar, passando nomeadamente pela Sertã e Oliveira do Bairro, para depois se fixar no Porto. O pai era chefe de Finanças, cargo que acumulava com o de juiz das execuções fiscais, pelo que não podia estar mais do que certo tempo em cada terra, por imposição legal. Recordará sempre esse tempo da infância e adolescência como a época em que fazia amigos num lugar, que depois perdia para refazer novas amizades noutro local distante.
Após os estudos secundários, concluídos no Porto, licenciou-se em Direito, na Universidade de Coimbra, onde para além de estudar trabalhava para garantir a independência financeira. Embora cursasse Direito gostava mais e frequentar as aulas de Literatura, sobretudo as dos mestres Paulo Quintela e Vítor Aguiar Silva. Mesmo assim, seguiu Direito e, concluído o curso, foi advogado durante algum tempo, porém já escrevia no Jornal de Notícias desde 1971 e o apelo da escrita foi sempre mais forte.
No jornalismo notabilizou-se pela crónica, que, para ele é uma espécie de meio caminho entre o jornalismo e a literatura. No Jornal de Notícia, ao qual se manteve sempre ligado, ocupou o cargo de editor cultural, mantendo uma permanente ligação aos aspectos literários. Nas horas vagas poetava e escrevia contos infanto-juvenil, fazendo um percurso de escritor, onde sobretudo se notabilizaria, recebendo o reconhecimento do seu mérito com a atribuição de inúmeros galardões, entre os quais o Prémio Camões no ano 2011.
A sua poesia, algo hermética, foi sempre marcada por uma espécie de nostalgia, traduzida num sucessivo jogo de memórias entre a infância (parte dela passada no Sabugal) e o quotidiano. Os poemas de Pina são igualmente marcados pela inquietação e a melancolia, tocando por vezes no paradoxo. Nada do que escrevia ou pensava era definitivo, quando lhe perguntaram (JL, 31/10/2001) se fazia alterações aos seus poemas antigos quando os reeditava, respondeu que não, porque de certa forma um texto antigo, escrito por ele e editado, já não lhe pertencia: «quando leio textos que escrevi há algum tempo, tenho a sensação que não foram escritos por mim. E, de facto, foram escritos por outra pessoa, por aquele que eu era.» Esta mutação do ser que somos com o evoluir do tempo é explicada de forma comparativa: «A Ilíada é um dos meus livros de referência. Li-a pela primeira vez quando era jovem e a que leio hoje não é a mesma que li, nessa altura. Porque eu próprio já sou diferente. Os cabalistas dizem que há tantas bíblias quantos leitores da Bíblia. Eu acho que há mais, tantas quantas as leituras.»
Como escritor, foi autor de vários títulos de poesia, novelas, textos dramáticos e ensaios, entre os quais: em poesia – Nenhum Sítio, O Caminho de Casa, Um Sítio Onde pousar a Cabeça, Algo Parecido Com Isto da Mesma Substância; Farewell Happy Fields, Cuidados Intensivos, Nenhuma Palavra e Nenhuma Lembrança; em novela – O Escuro; em texto dramático – História com Reis, Rainhas, Bobos, Bombeiros e Galinhas, A Guerra do Tabuleiro de Xadrez; no ensaio – Anikki – Bóbó; na crónica – O Anacronista; e, finalmente, na literatura infantil – O País das Pessoas de Pernas para o Ar, Gigões e Amantes, O Têpluquê, O Pássaro da Cabeça, Os Dois Ladrões, Os Piratas, O Inventão, O Tesouro, O Meu Rio é de Ouro, Uma Viagem Fantástica, Morket, O Livro de Desmatemática, A Noite.
Embora afastado da sua terra natal desde menino, Manuel António Pina afirmava com orgulho ser sabugalense. Em 4 de Abril de 2009 a Junta de Freguesia do Sabugal homenageou-o colocando na casa onde nasceu uma placa com a seguinte epígrafe: «Nesta casa nasceu o escritor e jornalista Manuel António Pina»
Em 2010 a Câmara Municipal da Guarda, criou, em homenagem a Manuel António Pina, um prémio literário com o seu nome, que distinguirá anualmente, e de forma alternada, obras de poesia e de literatura. Ainda em homenagem ao escritor sabugalense realiza-se na Guarda um ciclo cultural repleto de actividades.
Em 10 de Novembro de 2011, no ano em que foi galardoado com o Prémio Camões, o escritor foi por sua vez homenageado pela Câmara Municipal do Sabugal, que lhe atribuiu a medalha de mérito cultural do Município.
Manuel António Pina foi eleito pelo blogue Capeia Arraiana a «Personalidade do Ano 2011».
Segue-se um poema de Manuel António Pina, que aborda um assunto recorrente na sua poesia – a morte:
Algumas Coisas
A morte e a vida morrem
e sob a sua eternidade fica
só a memória do esquecimento de tudo;
também o silêncio de aquele que fala se calará.
Quem fala de estas
coisas e de falar de elas
foge para o puro esquecimento
fora da cabeça e de si.
O que existe falta
sob a eternidade;
saber é esquecer, e
esta é a sabedoria e o esquecimento.
plb e jcl
Forcão – Capeia Arraiana – 25 de Agosto
ALDEIA VELHA – CAPEIA E… ENCERRO
«O Forcão, guarnecido de homens, está a postos no meio da praça. Dispensam-se as cerimónias de cortesia, e o pedido da praça, tal como a música, as camisolas e os bonés estampados dos rapazes que pegam ao forcão. Tudo isso se reserva para a tarde. Por ora, trata-se apenas de testar a bravura dos bois, uma espécie de tenta, ou, talvez mais correcto, uma forma de dar expressão à ânsia incontida da festa, à fome dos touros! Na falta do clarim, quatro pancadas fortes na chapa metálica do portão dos curros avisam que o touro vai entrar em cena. Ei-lo, negro, bisco e desenvolto como um relâmpago, a sair de revés, a percorrer todo o perímetro do largo, a limpar, obrigando a recolher aos salva-vidas todos os que ainda permaneciam na arena. Finalmente o bicho apercebe-se do forcão, à sua direita, de onde os rapazes o desafiam insistentemente. Sem se fazer rogado, vai-se à galha, prega-lhe uma valente marrada que obriga a rodar harmonicamente todo o conjunto. Ouvem-se gritos de euforia e receio. A rapaziada aguenta firme e os aplausos irrompem, merecidos.»
Capeia
Negro
Mais negro que os fogueiros ào inferno;
Gordo,
Mais gordo que as mulheres de um rei negróide;
Bufão,
Mais bufão do que Noto, Eolo e Bóreas à compita;
Veloz,
Mais veloz que os golfinhos de Nereu –
Entrou na praça o boi galhardo.
Escarvando,
Olfacteou o argiloso chão,
Com um ar de Satã alucinado.
Depois,
Erguendo a cabeça,
Achou pequenas a pequenez da praça
E a amplidão dos céus.
Depois, ainda,
Mugiu
Em ódio clamoroso e clangoroso.
Então,
A praça entrou nos delírios do pavor.
O forcão
Quedou-se desamparado
No meio do terreiro
E os capinhas galgaram em pamco
O espaço que os separava das trincheiras.
Sozinho,
No meio da praça,
O boi,
Já gigante,
Mais se agigantava.
Empoleirado num carro,
Exalçado a lenha
E enfeitado a colchas,
O tamborileiro rufava,
Querendo rebentar o velho bode.
Então os solteiros ganharam coragem
E, saltando aos magotes para a arena,
Imobilizaram o boi
Entre os aplausos dos homens
E os gritos das mulheres.
Manuel Leal Freire
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Textos de António Cabanas e Fotos de Joaquim Tomé (Tutatux) retirados do livro «Forcão – Capeia Arraiana»
jcl
O livro «Forcão – Capeia Arraiana»
A profusão de belíssimas fotografias, de excelente visibilidade e óptimo enquadramento, puxando à evidência os mais ínfimos pormenores de pessoas, cavalos e touros, quase ofuscam o também magistral texto do livro recentemente editado e lançado no Sabugal, intitulado «Forcão – Capeia Arraiana», da autoria de António Cabanas (texto) e Joaquim Tomé (fotografia).
António Cabanas é um apaixonado pelas terras da raia sabugalense, o que está bem patente no livro agora editado, que para este autor é uma revisitação às tradições raianas. A primeira incursão traduzida em livro foi em «Carregos, Contrabando da Raia Central» (2006), em que recolhe inúmeros testemunhos acerca da vida dos antigos contrabandistas, traçando o seu perfil e a sua vida de constante desafio ao perigo.
Mas se o contrabando era a exposição ao risco das balas dos fiscais da fronteira para garantia de sustento, a capeia do forcão é também uma forma de desafiar o perigo, mas desta feita para pura diversão nos dias de festejo.
Cabanas vai ao fundo da questão, procurando os mais longínquos vestígios que provam a ancestralidade das touradas na raia sabugalense, enquanto valor cultural e etnográfico que interessa preservar, apesar das polémicas à volta do sofrimento dos animais. E o autor, natural da Meimoa, e autarca empenhado no concelho vizinho de Penamacor, toca no âmago da questão ao pressentir o verdadeiro valor da alma raiana: «não basta assistir é preciso participar, ir ao encerro, comer a bucha, beber uns goles da borratcha e voltar com os touros, subir para as calampeiras, ser mordomo…».
Fazendo uma síntese do muito que já se falou e escreveu sobre a capeia arraiana, enquanto tradição popular única e mobilizadora de toda uma população, António Cabanas consegue traduzir aos leitores a emoção e o fascínio vivido pelos que se embrenham na festa dos touros. E, neste particular, foi necessário recorrer também ao talento do grande fotógrafo Joaquim Tomé, o Tutatux, que captou imagens que conferem magnanimidade à tradição. As imensas fotografias, ajudam quem lê os cuidados textos, a perceber que a capeia é algo único do mundo, apercebendo-se do valor supremo deste povo raiano, que nada teme e tudo desafia em nome de uma tradição que teima em manter viva.
Cabanas fala da origem imemorial do culto do touro, dos costumes taurinos na Península Ibérica testemunhados por Estrabão e das festividades tauromáquicas existentes em Portugal desde os alvores da nacionalidade, para assinalar que as touradas são algo de muito profundo na tradição popular.
Traça a diferença, de resto muito vincada, entre a corrida portuguesa e a espanhola, e embrenha-se a fundo na escalpelização do argumentário dos que defendem as touradas com unhas e dentes e daqueles que as criticam severamente. E, neste ponto, no que em particular se refere à capeia arraiana, descreve a forma como o espectáculo se humanizou: «já lá vai o tempo em que os touros eram lidados com garrocha e garrochão». A capeia deixou de ser selvajaria e tornou-se espectáculo com beleza, valentia e arte, onde o touro é tratado com dignidade, o que o leva a ser apreciado mesmo por muitos daqueles que não gostam de outro tipo de touradas.
Sobre as origens da «capeia», «folguedo» ou «corrida do boi», o autor rende-se à conclusão de que tal é de difícil constatação, enumerando porém as principais teorias conhecidas. A mesma dificuldade se constata na revelação da génese do uso do forcão, da realização do encerro, do passeio dos moços, do pedido da praça e demais rituais que estão associados à tradição taurina raiana. Referência ainda para o papel imprescindível de figuras típicas como o «tamborleiro» e o «capinha» espanhol, indispensáveis nas capeias de sabor mais original.
Um livro que é também um álbum fotográfico, que documenta melhor do que nunca a tradição raiana da capeia e que faz a síntese do que se disse e escreveu acerca de uma manifestação popular que constitui uma potencialidade que importa aproveitar.
Um livro que é essencial adquirir:
António Cabanas: kabanasa@sapo.pt; 968 492 522.
Joaquim Tomé: tutatux@gmail.com; 927 550 656.
Paulo Leitão Batista
Joaquim Tomé (Tutatux) em Sortelha
O repórter fotográfico Kim Tomé (Tutatux) está em Sortelha. Mais palavras para quê?…
GALERIA DE IMAGENS – SORTELHA – 10-10-2010 |
Fotos Joaquim Tomé – Todos os direitos reservados – Clique nas imagens para ampliar |
Imagem da Semana – 10-1-2010
«Imagem da Semana» do Capeia Arraiana. Envie-nos a sua escolha para a caixa de correio electrónico: capeiaarraiana@gmail.com
Data: 10 de Janeiro de 2010.
Local: Aldeia Histórica de Sortelha.
Autoria: Joaquim Tomé (Tutatux).
Legenda: A neve transformou em cenário dos filmes de Walt Disney o casario granítico do interior das muralhas do castelo de Sortelha. O virtuosismo (e sentido de oportunidade) deste fotógrafo raiano fica mais uma vez demonstrado neste clique. Brilhante.
jcl
Imagem da Semana – 17-10-2009
«Imagem da Semana» do Capeia Arraiana. Ficamos à espera que nos envie a sua escolha para a caixa de correio electrónico:
capeiaarraiana@gmail.com
Data: 17 de Outubro de 2009.
Local: Casa do Castelo no Sabugal.
Legenda: Escondido, desqualificado e esquecido durante séculos o HARON HAKODESH da Casa do Castelo no Sabugal, afirma-se como um dos mais importantes vestígios históricos da comunidade judaica que existiu na região do Sabugal.
Este é um momento de grande significado para a cidade do Sabugal e para toda a comunidade Judaica pois neste Sabbath pela primeira vez em (talvez) centenas de anos, voltou-se a rezar perante o HARON HAKODESH da Casa do Castelo na antiquíssima Judiaria do Sabugal.
Autoria: Joaquim Tomé (Tutatux).
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Cavaco Silva em Sortelha na objectiva de KimTomé
GALERIA DE IMAGENS – 14-9-2009 |
Fotos Joaquim Tomé – Todos os direitos reservados – Clique nas imagens para ampliar |
jcl
Sabugal em cinzas pela objectiva de KimTomé
GALERIA DE IMAGENS – 14-9-2009 |
Fotos Joaquim Tomé – Todos os direitos reservados – Clique nas imagens para ampliar |
jcl
Incêndios no Sabugal pela objectiva de Kim Tomé
Impressionante reportagem fotográfica de Joaquim Tomé (Tutatux) durante os trágicos incêndios no concelho do Sabugal. Memórias visuais que irão ficar para sempre na alma de todos os que olharam horrorizados durante mais de 50 horas as chamas infernais que tudo destruiram.
GALERIA DE IMAGENS – 5-9-2009 |
Fotos Joaquim Tomé (Tutatux) – Direitos Reservados – Clique nas imagens para ampliar |
Capeia Arraiana – Património Cultural Imaterial
O meu caro amigo e conterrâneo Kim Tomé vem defendendo de forma veemente a classificação da Capeia Arraiana enquanto Património Cultural Imaterial, posição com a qual estou de acordo e que agora pode e deve avançar.
Na verdade foi publicado no Diário da República, de 15 de Junho, o Decreto-Lei n.º 139/2009 que estabelece o regime jurídico de salvaguarda do património cultural, de harmonia com a Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, adoptada na 32.ª Conferência Geral da UNESCO, em Paris em 17 de Outubro de 2003.
Lendo o conteúdo deste decreto, percebe-se de imediato que a Capeia Arraiana pode vir a ser integrada no conceito de Património Cultural Imaterial, pois de acordo com o Artigo 1.º são consideradas como candidatáveis, entre outras, as práticas sociais, rituais e eventos festivos, classificação que, claramente, engloba a Capeia.
O processo de inventariação é naturalmente complexo e muito exigente, podendo ser apresentado pelo estado, pelas Autarquias Locais ou por qualquer comunidade, grupo ou indivíduo ou organização não governamental de interessados.
Está assim aberta a janela legal que permitirá classificar a Capeia Arraiana como Património Cultural Imaterial, com as vantagens em termos de preservação e sobrevivência desta forma de cultura popular das nossas terras, mas igualmente como um contributo importante para o desenvolvimento do Concelho do Sabugal.
Ao Kim Tomé a aos meus conterrâneos arraianos só posso dizer que podem contar comigo para integrar qualquer Grupo que queiram constituir para a preparação da Candidatura, colocando desde já ao vosso dispor, naturalmente de forma gratuita, a minha experiência profissional nestas áreas.
«Sabugal Melhor», opinião de Ramiro Matos
rmlmatos@gmail.com
Imagem do Dia – 26-5-2009
A «Imagem do dia» e a «Imagem da Semana» são dois destaques em imagens sobre acontecimentos, momentos ou recordações relevantes. Ficamos à espera que nos envie a sua memória fotográfica para a caixa de correio electrónico: capeiaarraiana@gmail.com
Local: Casa do Castelo, Sabugal.
Legenda: Dádiva da Natureza. Exposição de cogumelos comestíveis.
Autoria: Kim Tomé (Tutatux).
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