Category Archives: O concelho

Metamorfose das palavras
Os sons articulados consubstanciam-se em palavras que depois de se fixarem dão origem a outras, suas derivadas ou compostas, segundo a terminologia gramatical.

Os Santos – Calendário
Afonso Costa, o energúmeno propagandista republicano, numa exaltação que se diria cómica, se não semeasse a tragédia, afirmou que todos os vestígios do Catolicismo desapareceriam de Portugal no período de duas gerações.

As malhas
Eu tenho, com as malhas, à antiga, à força de mangual e traça de espalhadeira, uma relação umbilical, no sentido mais amplexo do adjectivo. Nasci no dia que meu avô, um seareiro a roçar o mediano, numa aldeia de perfeito minifúndio, malhava a sua pequena meda.

Aldeia da Dona – mistérios da toponímia
Dois ilustres sabugalenses… o professor doutor Amaro Monteiro e o doutor Francisco Manso – andam a dissertar nos media concelhios sobre a exacta denominação da única anexa da freguesia da Nave – a pequena e hoje quase desabitada, mas rica, pitoresca e histórica povoação, que o povo conhece por Aldeia da Dona, nome que o primeiro reconhece como o próprio, mas a que o segundo, baseado em cartas de antigos párocos contrapõe o de Aldeia das Donas.

O azeite e as ambições
Inspiramos este nosso artiguelho numa página da revista «As Artes entre as Letras», onde a crítica teatral e directora artística do Maizum, Silvina Pereira evoca duas obras – uma portuguesa – «O Auto de Mofina Mendes», de Gil Vicente – e outra castelhana – «Las Aceitunas», de Lope de Rueda.

O linho e os linhares no Sabugal de há cem anos
Nas matrizes velhas, os terrenos mais humosos apareciam registados como linhares. E nos assentos de batismo e casamento eram muitas as mães, avós e nubentes com a profissão de tecedeiras ou fiandeiras.

Uma geração de triunfadores
É este o título de um brilhante estudo da Doutora Manuela Aguiar, antiga e preclaríssima Secretária de Estado das Comunidades, publicado na revista As Artes entre as Letras, de que é habitual colaboradora.

Lendas e crendices – os pássaros
Ainda do tratado «Estudos Etnográficos, Filológicos e Históricos», de Augusto César Pires de Lima, extraímos alguns procedimentos, por vezes um pouco bizarros.

Lendas e superstições em torno da gravidez
Continuamos debruçados sobre o livro «Estudos Etnográficos, Filológicos e Históricos» de Augusto César Pires de Lima.

A lua e as crendices
Quando se olha para a lua nova, deve bater-se no bolso. Não pode fazer-se a vindima de modo a que o vinho venha a ferver em duas luas, pois, de contrário, o vinho voltará a ferver nas pipas, e turvará pela volta da primeira lua.

Superstições para o casamento
Transcrevemos de «Estudos Etnográficos, Filológicos e Históricos», de Augusto César Pires de Lima.

O enigma das casas enfeitiçadas
O enigma das casas enfeitiçadas ou a estratégia falhada dum herdeiro espertalhão.

A repartição florestal
Em comentário anterior, chamámos a atenção para as dificuldades que opõe a uma exploração adequada, rentável e menos exposta aos riscos de incêndios e outras depredações, a excessiva fragmentação da nossa floresta.

O Mito do Sebastianismo
Todos nós, portugueses, mesmo os que não leram as trovas de Bandarra e nunca sequer ouviram o nome do famoso bate-solas de Trancoso, somos sebastianistas.

Um bandarrista na raia sabugalense
Como é lugar comum, o nome de Bandarra anda indissoluvelmente religado ao de Dom Sebastião. Não por terem sido mais ou menos coevos, mas, por os patriotas de mil e seiscentos, nomeadamente os frades de Alcobaça, empenhados na restauração da independência de Portugal, terem difundido o mito de que o Desejado, que já o fora para ocupar o trono, se preparava para o reocupar, pois não teria sido morto em Alcácer-Quibir, mas aguardaria numa ilha selvagem o momento de regressar à Pátria-Mãe.

Um valor comercial que se perdeu
Até à década cinquenta do século passado, uma das maiores, se não mesmo a maior fonte de rendimentos dos lavradores meões do planalto ribacudense, ou dos vários planaltos da Região, era a lã.

Milharadas – prato de substância ou de sobremesa
Por terras de Sabugal, o pão de milho é praticamente desconhecido, mas com o grão de milho confeccionam-se dois pratos típicos: as milharadas gordas e as milharadas doces.

Cenas familiares – o tempo das leguminosas
O raiano tem uma alimentação ordinariamente pobre em carnes. Fartura delas só no tempo das matanças, nos três dias do Entrudo – domingo, segunda e terça-feira gordos – na festa do orago, por ocasião de algum casamento, ou em malina de ovelhas ou sinistro de vacas, tudo a dar empansadela.

Cenas familiares – o derreter das banhas
Dia assinalado no calendário familiar era este, que ocorria cerca de um mês após a matança, tempo necessário para as banhas enrijecerem e se tomarem suficientemente de sal.

Cenas familiares – enchimento das farinheiras
Na Raia da minha meninice, desconhecia-se a alheira, não por ser, se é verdadeira a lenda, uma criação dos judeus conversos, mas pela penúria de carnes esfoladias e a escassez de azeites, que só se colhiam para além de Santo Estevão, ou mais especificamente nas terras que integraram o histórico e desaparecido Município de
Sortelha.

Antes Terras do Demo do que Terras do Nemo
Para mim, seu leitor compulsivo e devotado admirador, na vastíssima panóplia de Mestre Aquilino Ribeiro, há dois títulos que me fascinam, li e reli a pontos de os recitar de memória e me tem muitas vezes servido de objecto de meditação.

Dia festivo, de grande comesaina e promissor
Quadro bárbaro, a matança do porco, é, no quadro familiar, um significativo acontecimento. É que o porco, chegado ao chambaril, garante tempero anual para o caldo, peguilho para almoços, jantares e merenda e ainda meia dúzia de refeições de arromba.

O achoquio ou axoxio
O «achoquio» ou «axoxio» era o grito gutural de presença na confraria dos solteiros.

Os actos de culto e a vida dos sabugalenses
Falemos na influência dos actos de culto e da folhinha dos Santos – a Flos Sanctorum – na vida dos sabugalenses.

Os mercados das quintas-feiras
No tempo da Monarquia, as semanas de trabalho eram cortadas pelo meio com a concessão de um dia votado a uma semiparalização das actividades agrícolas. Era à quinta-feira.

O rexione ou o de rexionis
O latim era a língua oficial da Igreja Católica, Apostólica e Romana. Falava-se nos concílios e redigiam-se nele bulas, pastorais e encíclicas. Mais, dominava todos os actos de culto.

A festa do último molho
O dia da malha, nos já distantes dias do pírtigo e da mangueira – «mangueira» com trema, sinal abolido por uma das últimas reformas ortográficas, mas que tão útil se revelava para distinguir aquele artefacto do tubo por onde se estrafega o vinho ou corre a água – era de festa rija em casa de lavrador abastado ou mesmo médio.

A dieta do gadanheiro
Rigorosamente, dieta é a adequação de cada um às suas necessidades de nutrição.
Por ela, fornece-se ao indivíduo não só as quantidades de energia que a sua actividade reclama, mas também a qualidade requerida pelo perfeito equilíbrio dos seus órgãos essenciais.

O rito da imersão
Não se limitam os povos da Raia trans e ciscudana a impetrar por meio de orações e preces mais ou menos longas e solenes em actos públicos de culto tais como procissões e rogativas, ofertórios e penitências, mas tem igualmente por costume, em muitos casos, banhar as imagens dos santos em água.

O sangue da terra e os santos hidrófobos
Que a água é o sangue da terra é uma afirmação presente na generalidade das línguas dos povos cultos e incultos, bem como na fraseologia, quer actual, quer histórica dos vários idiomas.

Propina paga à Confraria dos Solteiros
Um forasteiro endinheirado paga um bode que, vivo, diverte e, depois de abatido, dá uma grande comezaina – ainda «La Fiesta de los Aguinaldos de Santa Agueda», de onde transcrevemos algumas notas.

Hierarquia ou gerarquia
Ainda falamos de «La Fiesta de los Aguinaldos de Santa Agueda», de onde transcrevemos algumas notas a fim de a comparar com os rituais da nossa antiga Confraria dos Solteiros que existia nas terras raianas do Riba-Coa.

Direitos e obrigações dos confrades
Continuamos a falar de «La Fiesta de los Aguinaldos de Santa Agueda», de onde transcrevemos algumas notas a fim de a comparar com os rituais da Confraria dos Solteiros que existia no Riba-Coa.

Los aguinaldos de Santa Agueda
De há muito que tínhamos a intuição de que a Confraria dos Solteiros tão solidamente incrustada na orla raiana do Riba-Coa é uma instituição de carácter universal, existindo onde haja moços.

Ainda as restrições alimentares
Deus Nosso Senhor incarnou, não empeixou. E, quanto à parva, parvos são os que a comem. É assim que nós cristãos, homens de pouca fé e de menor propensão ainda para quaisquer sacrifícios reagimos ante as leis da Santa Madre que nos impõem abstinência e jejum.

Restrições alimentares
É do conhecimento generalizado que a Religião Católico-Romana impõe aos seus fiéis regras de conduta que abrangem praticamente todos os actos humanos. E que, de um modo genérico, tem uma razão de ser que vai para além da prática de virtudes.