A noite estava chuvosa, a ansiedade apressava meus passos, as luzes de néon eram como um farol a orientar o meu desejo de voltar a vê-la, desejo que o meu pensamento a abraçasse, beija-se e amasse. Eu limitar-me-ia a mendigar um simples olhar, ou talvez um sorriso.
Mulher encantadora, corpo sexy realçado pelas calças de cabedal pretas e moldadas ao corpo, os lábios sensuais pintados de vermelho carmim e a voz quente estavam carregados de sensualidade, sentada numa mesa do bar bebia um mojito, disparatada vontade a minha, beijar aquela boca sabendo a álcool e hortelã fresca.
O trio de jazz tocava admiravelmente e punha na sala um ambiente estimulante, o palco tinha por fundo um mural representando Art Blakey and the jazz messengers. Esqueci teus cabelos! Compridos, negros como a noite, como aquela noite em que te desnudaram e amaram, vi através do desejo como os beijavam, vi teus lábios esmagarem os do teu companheiro, o desejo torturou-me cruelmente, assisti a tudo… Ainda não consegui que aqueles olhos negros se fixassem nos meus, olha só um segundo para mim, não me negues um olhar, faz da minha noite um esperançoso amanhecer, até o copo beija teus lábios! Como eu gostaria de conhecer o léxico do amor, vivo na periferia dele… Foste embora, quando te levantaste exibiste a nudez do teu corpo para o meu desejo, eu fiquei bebendo a minha moribunda cerveja.
Saí do bar, a noite continuava chuvosa e triste, o silêncio apoderou-se dela, viam-se os últimos amantes entrar nos automóveis que os esperavam.
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«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Junho de 2008)
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