O património gastronómico de uma região constitui um potencial económico que importa aproveitar. No caso do concelho do Sabugal, o nosso povo soube sempre colher os prazeres da boa culinária, ainda que houvesse tempos muita míngua. Vamos falar dessa nossa abonada e diversificada gastronomia e das formas como dela podermos tirar o melhor partido.
A gastronomia sabugalense está intimamente ligada ao histórico modo de vida do povo, que foi de muita provação. A escassez de recursos e a limitada variedade de géneros alimentícios fez o raiano parco no manjar. Porém sempre se dispôs a lautas pândegas, ainda que reservadas aos dias nomeados e às jornadas de grande labuta: Natal, Entrudo, Páscoa, festa do santo padroeiro, ceifa, carranja, malha, tirada das batatas, vindima…
Não havendo abundâncias, a dona da casa aplicava-se nos temperos. Produtos banais tornavam-se maravilhas culinárias, obedecendo a formas de confecção muito especiais.
A gastronomia é hoje um forte potencial que deve ser amplamente aproveitado. Urge ir ao encontro dessa oportunidade, disponibilizando aos que nos visitam aquilo que é verdadeiramente nosso e nos caracteriza, em vez da confecção de pratos que são verdadeiras banalidades e se servem em qualquer parte do País. É primordial sair da vulgaridade, da cozinha segundo regras de confecção rápida e em série.
Na cozinha caseira, de volta do lume ou do fogão, ainda se conservam algumas receitas antigas, que vão passando através das gerações, e que são ignoradas nos nossos restaurantes.
Pouco conhecimento das receitas ancestrais, aversão à mudança, desprezo pelo risco, tudo proporciona esse afastamento da culinária antiga. Ora esse receituário de outros tempos, porventura melhorado e adaptado aos ditames da cozinha saudável, deveria ser revitalizado e disponibilizado, com a certeza de que assim se apostaria num potencial de grande valia para a região.
Urge ir ao encontro da arte gastronómica, valorizando os nossos produtos locais e, por essa via, atraindo gente às nossas terras despovoadas e empedernidas.
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«Contraponto», opinião de Paulo Leitão Batista
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Apoiado, caro PLB. O caldo de couves sabia bem mas bem; a sardinha assada era uma delícia; as batatas com couves – que boas!!!! Etc., etc.. Falo da sardinha pois, não sendo nem produto local nem fresca (…), era um pitéu de vez em quando. O queijinho – e antes dele o soro; no Verão, as tematas; no Inverno, a matança e as várias formas de comer aquelas delícias todas (couratos, carne gorda, carne assada, enchidos todos, presunto o ano todo… que havia de melhor?).
Sou fã de tudo isso – hoje, nas devidas proporções que a saúde obriga!!!!
Abraço e… venham mais artigos destes, pf.