Efetivamente um dos mistérios de viver é precisamente o morrer. Mas acredito que possa viver o dia de aniversário dos meus futuros 72 anos. E porquê este ano assim tão marcante? Porque no passado dia 9 de novembro, o meu amigo e irmão escuteiro, celebrou essa efeméride, renascido das cinzas e, esperemos, pronto para mais uma longa caminhada nesta vida. Que Deus te conserve irmão António!
Não é segredo para ninguém a amizade que tenho com o António Alves Fernandes. E se escrevo estas crónicas, se o meu primeiro livro foi um sucesso, muito lhe devo. Os amigos não são apenas para as ocasiões. Os amigos são quem nos transmite um gosto especial à alma que nem damos pelo tempo passar.
Este longo caminho em comum com a família do António já atravessou o século. E as imagens e recordações trazem-me um sabor de tranquilidade enquanto saboreio a saudade.
Felizmente, este ano, o António jubilou com saúde o dia do seu aniversário. Passou mal, como tantos de nós, mas um combatente sobrevive com luta e com a Graça de Deus! Quantos vaticínios ouvia com a «reclusão» perpetua deste meu amigo, porque, na realidade a recuperação foi muito difícil, trabalhosa, cheia de contrariedades, mas, na minha opinião, o apoio hospitalar que teve e a presença constante da sua família, conseguiu o que poucos acreditavam.
Nada melhor prenda esta que te dou António! Voltares a este mundo, ao nosso mundo, para continuarmos as nossas aventuras que tanto nos agrada e nos torna mais úteis à sociedade, nem que seja como exemplo aos mais novos.
Ainda não desisti de continuar em manter estes projetos que temos falado, como o diálogo ecuménico, num tempo de egoísmo, materialismo, isolamento social e de muito pouca humildade. Os valores em que sempre acreditámos parece que tendem a desaparecer.
Numa terra em que a «cegueira» parece que nos ataca, tememos que quem fique com a «visão» não nos conduza ao «precipício». E claro que este pensamento é transversal em toda a sociedade global, não querendo que surjam ilações que nada se prendem com o nosso quotidiano.
E antes deste teu aniversário têm sido estas as nossas tertúlias. Como seria um mundo cego em que apenas um visse. Obviamente dependeria toda essa sociedade do bom senso, ou não, dessa pessoa. E esse é que é o verdadeiro problema!
Ainda sobre a maldita «cegueira» que tanto nos afeta, através das televisões, das redes sociais, da sociedade de comunicação em que nada, ou quase nada, do que é escrito ou dito, é validado, sem dúvida que deve ser valorizado através do diálogo, da tertúlia, como aliás sempre temos feito desde sempre.
Tantos textos que produzimos conjuntamente, tantas refeições que partilhámos, tantos valores que mantemos. E assim espero, que por muitos e longos anos continues a ser quem me «ilumina» nesta vida que cada vez mais se afasta dos nossos ideais, de uma civilização com quase 2000 anos, pelo qual tanta gente morreu para a defender.
Um abraço fraterno meu Irmão escuteiro, e que a «cegueira» nunca nos afete, enquanto cá andarmos.
Por isso, no dia em que fizer 72 anos, também espero manter vivas estas tradições e estes valores!
Aldeia de Joanes, 9 de Novembro de 2018
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«No trilho das minhas memórias», por António José Alçada
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Junho de 2017)
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Obrigado eu irmão António
As amizades não se compram nem se vendem, constroem-se em fortes alicerces e permitem estes textos que nos aproximam mais. Abraço para ambos
Bom regresso grande kamba. Bem hajas!
Amigo Alçada, deste-me uma valiosa prenda. As tuas palavras enchem-.me a alma. Muito grato, bem hajas. Não mereço…