Muitos deverão achar estranho o tempo em Portugal estar mais ameno que no ano passado, enquanto prolifera calores tórridos no Norte da Europa. Mesmo que alguns continuem a achar um perfeito disparate, estes fenómenos estão relacionados com as alterações climáticas. O problema é que não há uma consciencialização para este problema e as politicas dos governos, principalmente europeus, mesmo que se esforcem, lutam com a sustentabilidade das suas economias.
Sem dúvida que todos concordam que o clima mudou. Porem, alguns não entendem porque é que se fala no aquecimento global e este ano até casacos usámos em junho. E outros ainda acham mais estranho uma vaga de incêndios no Norte da Europa.
A definição científica de «alterações climáticas» é quando se verifica uma modificação dos padrões climáticos no espaço e no tempo. Por exemplo chuvas de monção surgirem em latitudes mais a sul, meses de inverno mais quentes ou até o inverso, verões frescos e húmidos. Mas atenção, estes movimentos no espaço e no tempo são dinâmicos, como se constata no verão deste ano relativamente ao do ano passado.
Dizem os especialistas que o grande responsável por estes fenómenos é o aumento da produção dos gases que promovem efeito de estufa, como é o caso do Dióxido de Carbono, vulgarmente designado por CO2. Toda a máquina industrial com motores de combustão, incluindo os nossos automóveis, libertam Dióxido de Carbono na atmosfera, bem como, para quem se lembra dos tempos da escola, a nossa expiração também contribui com uma ínfima parte.
O Dióxido de Carbono é basicamente eliminado através das plantas, nomeadamente árvores. Mas o esmagador aumento dos motores de combustão por esse mundo fora está a ultrapassar a capacidade regenerativa da vegetação do planeta. Para não falar, também, na progressiva destruição do «pulmão» que todos precisamos que é a Amazónia e que é uma das zonas fundamentais de eliminação do Dióxido de Carbono.
Mas a análise não fica por aqui. As viaturas elétricas, se foram abastecidas através de centrais a carvão ou a «fuel» acabam, embora em menos quantidade, por contribuir para a libertação de CO2 na atmosfera. E este aumento do CO2 está igualmente a «acidificar» os oceanos afetando o equilíbrio ecológico dos mares, principalmente nas espécies que necessitam de cálcio, como é o caso do marisco, como exemplo, mas também, no mar, todos sabem do degelo dos polos com tendência crescente do nível médio das marés, com efeitos visíveis em Portugal.
E o problema é este. Todos estes aspetos estão relacionados com a economia e acaba por afetar, de que maneira, o crescimento económico dos países, com consequências nos nossos empregos, saúde, bem-estar social, etc.
O acordo de Paris, como alguns já ouviram falar, sem dúvida que foi um compromisso importante, em que grande parte das nações do mundo assumiram para a salvaguarda do nosso futuro. Foi formalmente celebrado, no dia 12 de dezembro de 2015, tendo a União Europeia ratificado, apos ouvidos todos os estados membros, em 5 de outubro de 2016.
Basicamente 55% dos grandes poluidores assumiram tudo fazer para que o aquecimento global fique 2ºC acima da temperatura média da era pré-industrial, considerando, no entanto, que esse valor deveria estabilizar em apenas 1,5ºC. O acordo prevê o arranque deste ambicioso projeto, em 2020, e os países mais desenvolvidos devem implementar políticas solidárias aos mais necessitados através de mecanismos financeiros.
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Porém, as previsões dos especialistas, se este acordo não for cumprido, terão efeitos graves no clima com consequências no nosso bem-estar, não esquecendo o restante ecossistema, como as plantas e os animais.
Estou certo que os líderes dos principais países estão atentos. Curiosamente a China, que ratificou este acordo, em Setembro de 2016, hoje reconhece as atrocidades cometidas, como ter decidido usar o carvão como principal combustível da sua produção industrial, e debate-se com problemas ambientais graves e com efeitos na saúde pública. A questão da «contaminação ambiental» está a ser investigada em muitas universidades e hoje há cientistas chineses referenciados no mundo com trabalhos publicados.
Como o acordo só tem efeitos práticos a partir de 2020, acredito sinceramente que quem possa ter saído, possa mudar de ideia. Até ao dia 30 de Dezembro de 2019, seguramente tem a porta aberta. Provavelmente promove-se uma nova cimeira global, no Wyoming, ou até no Texas, e ratifica-se novamente o outrora ratificado. Acredito até que o Presidente Americano, até já possa ter outra mulher, outro responsável da EPA (Agência Americana de Proteção Ambiental) e até outra imagem: moreno de olhos castanhos!
Havendo uma consciencialização global para este problema, com grandes economias a apostar no plano de ações definidos em Paris, em 2015, acredito sinceramente que, mesmo que as metas não sejam alcançadas, haverá na próxima década uma inversão nítida das políticas de desenvolvimento dos países.
Não se trata apenas de otimismo. Também é preciso entender que as decisões são essencialmente políticas. E em política todos e todas sabemos como o negro de repente se torna verde. Depende sempre do ponto de vista!
Comporta, 28 de Julho de 2018
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«No trilho das minhas memórias», por António José Alçada
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Junho de 2017)
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Muito obrigado meu amigo bem hajas
Caro AJAlçada:
Informar e divulgar tudo o que possa contribuir para se crie e amplie uma consciência local, nacional e mundial de que estamos perante um problema que a sociedade, nós todos acabamos por criar.
divulguemos o que soubermos e pudermos para assim contribuir para que o nosso planeta seja mais sustentável.
parabens pelo texto.
jFernandes