O trágico incêndio numa coletividade do concelho de Tondela deve ser, mais que um alerta, o ponto de partida para uma ação imediata de criação de condições de segurança para os associados e utilizadores dos espaços públicos das instituições, coletividades e outros edifícios de utilização coletiva, públicos ou privados.
Devo, antes do mais, ressaltar o papel único e imprescindível que as IPSS, as coletividades e as associações têm na sociedade civil e, nomeadamente, no Concelho do Sabugal.
Não alinho assim na sofreguidão com que alguns abutres que se acoitam na comunicação social nacional se lançaram sobre as condições de segurança, mais rápidos a procurar os pretensos «criminosos» que a lançar ideias para prevenir e limitar o aparecimento de novas tragédias.
As instituições e as coletividades e as associações devem funcionar em infraestruturas que garantam as condições adequadas de segurança, mas não pode, nunca, entrar-se na paranóia de mandar uns tantos encartados e fechar a torto e a direito tudo o que não cumpra uma legislação que, e sei-o por experiência de projetista, nunca poderá ser integralmente cumprida e, sobretudo, nunca será garantia para que situações como a de Tondela não se voltem a verificar.
Mas é preciso fazer alguma coisa e é preciso agir rapidamente. Por isso aqui deixo a minha proposta para o Concelho muito simples e de fácil concretização:
– A Câmara Municipal deveria, de imediato, constituir com os Bombeiros do Sabugal e do Soito e com os Serviços de Proteção Civil Municipais equipas de vistoria de todas as instalações de uso coletivo;
– Face aos resultados das vistorias efetuadas, a Câmara deveria, de imediato corrigir as situações que se verificassem em infraestruturas municipais e estabelecer protocolos de intervenção com todas as IPSS, coletividades e associações, que incluíssem apoio técnico para as intervenções necessárias, bem como o envolvimento financeiro da Autarquia na execução das obras necessárias.
Apoiar as instituições, coletividades e associações neste trabalho de corrigir situações de potencial insegurança é imperioso e urgente, e espero que todos o entendam. Os associados e utilizadores dos espaços coletivos merecem este esforço de todos.
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ps. Em boa hora a Assírio & Alvim reeditou em Setembro de 2017, aumentando, a obra ficcional de Almada Negreiros. Num ano em que foi possível ver uma grande exposição da obra artística deste grande intelectual português do século XX, ler estas prosas é mais uma oportunidade para renovar a admiração que sempre tive por Almada Negreiros. Um acontecimento literário a não perder.
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«Sabugal Melhor», opinião de Ramiro Matos
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Setembro de 2007)
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Louvo esta sensata intervenção do amigo Ramiro Matos a que, aliás, nos tem habituado, aqui, em tantas outras das suas crónicas a propósito de outras pertinentes questões.
Uma questão que eu considero, oportuno, referir é a das capeias de verão pela grande afluência de pessoas que traz a assistir a um espectáculo que a muitos apraz. Nos casos em que a assistência se aglomera, em grande número, em cima de alpendres, veículos e calampeiras de vária ordem, sem segurança nem conforto, não seria desejável que uma inspecção prévia se efectuasse antes do espectáculo a fim de se assegurar que estavam reunidas as condições de forma a evitar qualquer imponderável?
Para uma tradição que alguns querem elevar a património imaterial da humanidade, julgo que um conjunto de regras se impõe para que, qualquer dia, não tenhamos que lamentar alguma tragédia desta natureza.