Citações curiosas, episódios rocambolescos, notas indiscretas, rábulas, curiosidades, anedotas de ocasião, atitudes peculiares e ditos de espírito – eis as «Histórias de Almanaque». Hoje a ideia defendida por Alberto Dinis da Fonseca acerca da origem da arma atómica.
Alberto Dinis da Fonseca, advogado e notário natural do Rochoso, foi uma figura ímpar da Guarda, cidade de que foi presidente da Câmara, entre outros cargos de relevo que ocupou.
Conhecido pela sua dedicação à causa pública, em especial por ter fundado a obra católica Liga dos Servos de Jesus, Alberto Dinis da Fonseca é também recordado por enaltecer a cidade, às vezes com manifesto exagero. O seu amor à cidade foi tão forte, que dizia, em abono da terra: «Até o Anjo é da Guarda.»
Uma das suas ideias afirmativas da cidade foi a de que «a bomba atómica nasceu na Guarda», frase que confundia quem o ouvia, chegando a julgá-lo como estando fora do seu juízo.
Instado a explicar-se, Alberto Dinis da Fonseca não se fazia rogado e esclarecia a razão de tal afirmação reveladora do seu extremo bairrismo.
Uma das explicações foi dada por escrito, numa carta enviada ao historiador Adriano Vasco Rodrigues e por este publicada no jornal A Guarda em 26 de Março de 1954 e, mais tarde, na revista Altitude de Julho de 1981.
Segundo Alberto Dinis da Fonseca, a descoberta do rádio nos laboratórios do casal Curie, sitos em Paris, foi conseguido a partir de urânio colhido nas minas da Quarta Feira, no concelho do Sabugal. Como a partir do rádio foi obtido o plutónio, que permitiria construir a bomba atómica, Alberto, considerava que essa famosa bomba teve origem na região da Guarda.
Dizia ele na missiva enviada a Adriano Vasco Rodrigues:
«Foi desse urânio ali descoberto que saiu, por uma série contínua de experiências e descobertas sucessivas, o plutónio, e foi com este plutónio ou com urânio-235 que foi carregada a bomba atómica, que explodiu pela primeira vez, em 6 de Agosto de 1945, em Hiroshima.
Por isso é que eu tenho razão em afirmar que a bomba atómica nasceu na Guarda… ou na Quarta-Feira, que vem a dar na mesma.»
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«Histórias de Almanaque», por Paulo Leitão Batista
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