Em 6 de Março de 1927 saiu a primeira edição do jornal «Amigo da Verdade», semanário católico e regionalista fundado por Alberto Dinis da Fonseca.
Temos de citar Pinharanda Gomes* para expor como nasceu o jornal «Amigo da Verdade»:
«…O seu berço foi o Patronato do Rochoso, instalado na casa do Desembargador José Diniz da Fonseca.
Alberto e Joaquim eram experientes na vida da imprensa. Alberto arranjou uma tipografia em Torres Novas, e expediu-a de comboio para a Cerdeira do Côa, onde um carro de bois a foi buscar. Era o princípio do fim do parque gráfico que Alberto sonhara para Torres Vedras. Era o princípio de uma fabulosa aventura da imprensa católica popular. Era o mês de Setembro de 1926. No dia 29, no Rochoso, iniciou-se um retiro para o grupo de rapazes que iriam constituir o corpo tipográfico do Amigo. Os rapazes já tinham sido ensinados na profissão pelo compositor Joaquim de Aguiar, e pelo impressor Alfredo Barbas, da tipografia da Casa Véritas. Conforme ao oportuno acordo do dr Alberto e de D. João, as irmãs Maria Cândida e Palmira tinham estagiado na Figueira da Foz, e estavam preparadas, já para assistir na tipografia, já para tratar do sector administrativo. Embora só mais tarde as respectivas alegorias fossem impressas no cabeçalho, o jornal surgia sob duas palavras de ressonância: «Eu sou a Verdade» – «Véritas liberavit vos». Mais do que uma afirmação é uma saudação do jornal ao leitor – que a liberdade te liberte! Composto e impresso na Tipografia S. Miguel (Rochoso) em conformidade com a óbvia vontade do dr. Alberto, o Amigo era apresentado por duas pessoas: como director, o P. Domingos João Pires e, como administrador, Abel Diniz da Fonseca. Uma equipa que se faria popular ainda nas classes mais humildes. Por isso, as secções do jornal foram concebidas a nível popular: miscelânias, anedotas, rifoneiros, noticiário condensado, calendário litúrgico, artigo de doutrina, o noticiário das paróquias e, por fim, duas secções de fundo doutrinal – «Luz e Vida», que D. João reservou para si mesmo, e que redigiu até morrer (a sua compilação evidenciaria uma longa e profunda obra teológica e querigmática) e «Conversando», possivelmente a mais popular das secções doutrinais, redigida pelo dr. Alberto, também até à morte. Popular, popular, foi, desde logo, a secção «Cousas e Lousas» que Alberto redigia com imenso carinho: um rifão, uma quadra, um adágio, uma anedota, um apotegma didáctico e uma notícia desportiva. A secção «A Trouxe-Mouxe» também se tornou popular. O dr. Alberto tinha de ler muitos jornais e livros para obter a matéria prima, qual barro para modelar a obra.
Uma carta circular do bispo D. José Matoso, com data de 22 de Dezembro de 1926, apresentou o jornal ao clero diocesano, cujo apoio se solicitava. Dificuldades várias obstaram a que o jornal aparecesse logo. O primeiro número saiu no Rochoso, com data de 6 de Março de 1927, no Rochoso teria a sua origem durante quase um ano, pois só em 29 de Janeiro de 1928 mediante a edição n.º 46) começou a ser confeccionado na Pombeira (Outeiro de S. Miguel).»
* Pinharanda Gomes, in «O Servo de Deus Alberto Diniz da Fonseca».
plb
Tive o privilégio de conhecer o Padre Soita, na fase em que foi Capelão no Colégio da Cerdeira. Nas suas missas tanto no Colégio quanto na Igreja Paroquial, o Padre Soita impressionava sempre pelos incendidíssimos arroubos das suas homilias, febricitantes de afetos celestiais, sem embargo da sua proveta idade. Homem muito culto. Profundo conhecedor do ser humano. Num ápice, Deus chamou-o à sua presença. Não deu canseiras a ninguém. Levou no coração os seus fiéis. Mas certamente também fez subir o Sabugal, onde foi Pároco muitos anos, no brado veemente do seu sopro revivente até à toada Divina. A riqueza da sua palavra estrondeou tanto que ainda hoje ressoa.
Uma grande amiga do “Amigo da Verdade”, Dra Maria de Lurdes Neto, faleceu hoje (13.07.2021), no Hospital da Guarda. Natural e residente em Cerdeira do Côa, colaborou com o “Amigo da Verdade”, em cujas páginas escreveu. Formada em Medicina na Universidade de Coimbra, foi Delegada de Saúde no Sabugal. Foi uma excelente Médica. Colaborou muito com o Colégio da Cerdeira. Dotada de educação esmerada e fino trato pessoal, muito fez de proeminente por esta Região. Deixa muitas saudades. Paz à sua alma. Deus a compensará agora que a tem junto de Si.
Não se pode esquecer o papel do Padre Soita, pois foi através dele que, durante muitos anos, o Amigo da Verdade distribuído no Sabugal se chamava Amigo do Sabugal e dedicava a última página a notícias do Concelho.