Hoje deu-me para ter saudades da Serra da Estrela e da neve que quase sempre se vê cá de baixo, do vale em que encaixa a minha aldeia… Deu-me para elogiar a vista que nos acompanha desde que nascemos. Deu-me para elogiar essa vista – como se de uma dádiva da Natureza se tratasse. E se calhar até é!
Festa da Caça e da Gastronomia Rural
Este ano há Festa da Caça. Será a 27 e 28 de Maio. Engloba a Gastronomia rural local e regional. Por isso mesmo, dedica este ano um espaço especial ao pão. Cá estamos para acompanhar as novidades por todos os meios. E sempre com o mesmo amor pelo torrão natal.
Da minha terra vemos a Serra da Estrela
… E isso faz toda a diferença, como vai ver. Um dia escrevi que «a minha terra é muito bonita. Ou, como escreveu um autor: «Dando vistas à Serra de Estrela».
Ver-se ou não a Serra da Estrela pode parecer secundário. Isso só parece assim para quem não cresceu a ver a Serra. Nós nascemos e vivemos com a Estrela em pano de fundo. Os Montes Hermínios, percebem? O berço da nossa identidade enquanto Povo, no Portugal inteiro. Nós todos, os portugueses, nascemos «ali» como entidade interligada, como comunidade.
O nosso «ethos» contém muito dessa mescla de origens que deram o homem lusitano, o lutador, o combatente, o agricultor e o pastor…
No Casteleiro, somos isso tudo – e a Serra a ver-nos todos os dias.
Nunca os meus amigos, de Santo Estêvão para lá (para o Côa, até à Cerdeira ou a Aldeia Velha, por exemplo) poderão dizer isso…
Portanto: «Ver ou não ver a Serra da Estrela?», eis a questão.
O Povo e os seus modos bonitos de falar
Em todas as aldeias deve haver um dicionário completo de frases quase idiomáticas, quase localistas. No Casteleiro essa regra é muito forte. Para intervalar no meio das coisas sérias, cá vai mais uma crónica cheia de mimos da linguagem popular. As piadas, as brejeirices. A linguagem dos adultos para os miúdos.
Jugo que estas não precisam de explicação:
– Quem sai aos seus não degenera
– Candeia que vai à frente alumia duas vezes
– Andam esquerdos
– Prender o tchibo ou o tchebinho
– Anda-me para ali a intcher tchòriças
– Quem tem rabo não se senta
– Com a verdade me enganas
– Levas-me cá uma lostra…
Mas os modos de falar, que sempre me espantaram pela força de algumas curtas expressões, esses precisam da minha tradução. Deixo alguns exemplos:
– É dabonda – Basta!
– Impôlas ou empôlas – em vez de ampolas – e para significar borbulhas.
– «Senhora do òrondo» – mulher que ande sempre muito bem arranjada.
– «Agarra-te às estevas, mãos de aranha». Ou seja: tu és capaz, seu mal ajeitado.
– «Pensa que se benze e parte o nariz» – julga que vai ganhar com isto, mas vai perder.
– «Não é nariz de santo» – aplica-se quando se está a fazer algo que se quer perfeitinho. Esta expressão quer dizer: «Não mexas mais. Já está bem assim».
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«A Minha Aldeia», crónica de José Carlos Mendes
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Janeiro de 2011)
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Da minha aldeia a Nave tambem se ve a serra da estrela e ate a Guarda. Basta ir o talefe para ver toda essa linda paisagem. A imigraçao tambem conheço bem. Meu pai foi nos anos 60 para França e nos fomos depois. Gosto muito de ler o que o Sr Carlos escreve, a raia e a nossa beleza que muita gente devia conhecer. Um bom dia Sr Carlos.