Há exactamente 100 anos, partiu de Portugal, com destino a França, a primeira brigada do Corpo Expedicionário Português, com o fim de engrossar as forças aliadas que estavam nas trincheiras para suster o avanço das tropas alemãs.
Em 30 de Janeiro de 1917 zarparam do estuário do rio Tejo três vapores britânicos levando a bordo a 1.ª Brigada do Corpo Expedicionário Português (CEP), comandada pelo general Gomes da Costa. Seriam estas as primeiras tropas portuguesas a pisarem o solo francês na I Guerra Mundial.
Os navios chegaram ao porto de Brest, em França, três dias depois, a 2 de Fevereiro.
De Brest partiram de comboio para a Flandres, região onde iriam combater e onde chegaram a 8 de Fevereiro. Aí chegado, o CEP foi integrado no 1º Exército Britânico como divisão reforçada de infantaria.
A 23 de Fevereiro, partiu para França um segundo contingente do CEP.
Após receberem instrução para combate nas trincheiras, em 4 de Abril de 1917 as tropas portuguesas ocupam posições na linha de combate e, nesse mesmo dia, António Gonçalves Curado foi o primeiro soldado português morto na guerra.
Ao chegarem à Frente Ocidental as tropas portuguesas adaptaram-se rapidamente à guerra de trincheiras, mostrando grande eficiência e espírito combativo.
Em 4 de Junho dá-se o primeiro ataque alemão ao sector defendido pela 1.ª Brigada portuguesa.
A 16 de Junho a 2.ª Brigada de Infantaria ocupa o seu sector na frente de batalha.
No dia 11 de Outubro o presidente da República, Bernardino Machado, chega à zona de concentração do CEP em visita às tropas na frente. É acompanhado de Afonso Costa, presidente do Conselho e ministro das Finanças, e de Augusto Soares, ministro dos Negócios Estrangeiros.
No dia 13 de Outubro, ainda com a presença do chefe de estado e do governo português, é realizada a cerimónia de entrega das primeiras Cruzes de Guerra ao CEP. Serão condecorados 10 oficiais, 8 sargentos e 27 cabos e soldados.
As condições dos militares portugueses foram piorando ao longo dos tempos, sobretudo devido à falta de reforços que impediam a sua substituição e descanso. Esta situação foi agravada pelo Inverno frio e húmido, muito diferente do que o que os portugueses estavam habituados. As condições deterioraram-se a ponto que o Comando do 1º Exército Britânico decidir a rendição das tropas portuguesas por tropas britânicas, com o objectivo de permitir o descanso daquelas.
O momento mais difícil do CEP foi a 9 de Abril de 1918, em que se deu a batalha do Lys. Tudo começou com uma prolongada barragem de artilharia alemã sobre o sector português, ao que se seguiu a ofensiva que desbaratou a 2.ª divisão do CEP.
As tropas portuguesas mantiveram-se contudo nas trincheiras, lutando com bravura até ao final da guerra.
A 11 de Novembro são aceites pela Alemanha os termos do Armistício proposto pelos aliados, pondo fim ao dilacerante conflito armado.
No dia 9 de Dezembro de 1918, parte para Cherburgo, porto de embarque, o primeiro contingente de tropas do CEP que regressam a Portugal.
Neste esforço de guerra, chegaram a estar mobilizados quase 200 mil militares portugueses. As baixas do CEP atingiram quase 10 mil mortos e milhares de feridos.
plb
Seria bom que o concelho de Sabugal elaborasse uma lista dos seus combatentes na 1.ª grande guerra e erguesse um memorial em sua honra. A título de exemplo, sei que Vale de Espinho forneceu 28 soldados para esta guerra, sendo que alguns tombaram em combate.
Boa aula de história
Felicito o autor pela qualidade do artigo e a Capeia Arraiana pela oportunidade de lembrar uma Guerra que mudou a Europa e na qual milhares de Portugueses perderam a vida a combaterem em França e em Moçambique.