Cada estação do ano tem os seus encantos mas eu gosto especialmente do frio. Ainda que se me gelem as mãos, embora me arrefeçam os pés, mesmo que o nariz me doa ou o rosto me arda nunca trocarei o frio pelo desconforto da transpiração.
Sempre escolherei o conforto de uma lareira quente em detrimento de qualquer frenesi de Verão.
Prefiro o frio ao calor, sim, ainda que um ar frígido me imponha o capote, a boina, o cachecol ou a touca me despenteie o cabelo.
No inverno a chuva adormece as noites. A neve e a geada branqueiam e imaculam a natureza. Os luares frios dissolvem escuridões. As estrelas douram os céus noturnos e os ventos vozeiam e trovam os espaços.
O frio traz o Natal e o Ano Novo. O Natal é a rainha das festas e o Novo Ano é sempre um momento de esperança.
Não me inquieta o frio que me ronda a porta e me espreita a janela. Não me impressiona saber que o vento, com o seu sopro gélido, busca as frestas de minha casa. Tudo é preferível ao abafo dos dias quentes.
O inverno é, pois, a minha estação preferida. Anteponho-o, mesmo, à meia estação.
Não gosto de ser forçado a ambientes climatizados. Gostaria muito de puder passar sem ventoinhas ou ar condicionado. Prefiro aguentar a lã do cobertor que me garante o calor nocturno.
O inverno, paradoxalmente, pode transformar-se na época mais quente do ano. Ao contrário das outras estações, no inverno as pessoas reúnem-se mais, aproximam-se mais. Ficam mais tempo em casa. Até os casais se abraçam mais.
Cultivo, ainda, o velho hábito de me reunir à lareira perenizando serões vetustos, petiscando e bebendo em salutar convívio recheado de calor humano.
E, do inverno, também os animais se protegem. Todos eles têm as suas defesas instintivas, os seus esconderijos, os seus abrigos, e alguns aproveitam para hibernar. Quem sabe se o casaco que a dona veste ao cachorrinho não o incomoda mais que a própria friagem.
Pior estão alguns humanos, os sem abrigo, a quem o instinto não basta e a sociedade não acouta. Um cachorro até desnudo consegue ser feliz, imagine-se!
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«Terras do Jarmelo», crónica de Fernando Capelo
(Cronista no Capeia Arraiana desde Maio de 2011)
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Amigo Capelo :
Ouvia falar nas almas gémeas, e um dia fiz esta pergunta : será que a minha alma tem uma gémea ? Afinal encontrei-a ! Imagine-se ! Há tantos anos que se conhecem…
Um abraço do amigo Nabais.