A primeira vez que contactei com o Padre José Luís dos Santos Farinha foi no Souto da Casa, nos princípios do ano corrente, num funeral de um familiar da minha esposa. Admirei a sua postura pastoral naquele acto exequial. No final, abeirei-me e perguntei-lhe se era natural da Sertã ou de Proença-a-Nova, em virtude do nome Farinha ser muito comum na Zona do Pinhal. Disse-me que era da Póvoa da Atalaia (Fundão).
Neste rápido diálogo, nunca sonhei que no dia 25 de Setembro estaria na Aldeia de Joanes a tomar a posse de Pároco, nomeação determinada pelo Bispo da Diocese da Guarda.
As gentes da Bismula (Sabugal) esclareceram-me que este sacerdote colaborou activamente, juntamente com um outro Pároco na minha Paróquia de nascimento durante dois anos.
A sua missão paroquial é uma tarefa árdua e difícil, porque vai encontrar Aldeia de Joanes, zona periférica do Fundão, em crescimento, uma zona fundamentalmente residencial, com um grande número de crianças, de jovens, em contraste com a maioria das freguesias do Interior que estão a ficar desertificadas.
No domingo, dia 25 de Setembro, a comunidade cristã concentrou-se junto à Igreja Matriz, aguardando a chegada do novo Pároco. Foi cumprimentado por diversos elementos dos organismos da Paróquia e da Comissão Fabriqueira, que num gesto simples e significativo lhe entregou as chaves do templo, ao som dos cânticos do Grupo Coral: «Bem-vindo seja aquele que vem em nome do Senhor.»
Antes da iniciação da Eucaristia, António Sequeira Fernandes, da Comissão Fabriqueira, lembrou a todos os paroquianos que hoje se iniciava uma nova etapa, com a recepção ao novo Pároco e a Comunidade de Aldeia de Joanes recebeu-o com um forte abraço e as maiores expectativas. Será membro de cada família, na alegria, na tristeza e na fraternidade. Guiados pelo Senhor, esperamos plantar e colher sementes de amor, paz alegria e fraternidade. Bem-vindo seja à Paróquia de Aldeia de Joanes.
O Padre José Luís Farinha leu o decreto de nomeação para as novas paróquias emanado pelo Bispo da Diocese da Guarda.
Saudou todos os organismos que trabalham na Paróquia e agradeceu as palavras e o acolhimento.
Salientou que queremos começar uma nova etapa, embora continuando a caminhar, a mudança nada vai alterar a nossa missão na Igreja.
Comentando as leituras do XXVI Domingo do Tempo Comum, referiu:
«A sociedade dos nossos dias tem a doença da indiferença. Andamos fechados para os outros, não nos abrirmos. Há uma grande insensibilidade. A parábola de Jesus Cristo repete-se todos os dias na nossa sociedade. Todos os dias somos bombardeados com a guerra na Síria, com elevado número de mortos, atentados, milhares de desalojados e refugiados. Não podemos cair na habituação indiferente ao sofrimento do próximo.
A palavra de Deus convida-nos a ter um coração aberto e a chave para o abrir é a misericórdia. Temos de ter uma Igreja que abra as portas a todos os que necessitam, não só com palavras, mas sim com gestos. A Fé em Jesus Cristo exige compromisso para com o irmão, para com o próximo. A missão da Igreja é continuar a obra misericordiosa de Jesus Cristo. Devemos ter rostos e mãos de misericórdia para com os outros.
Há que partilhar anseios e esperanças. Hoje temos desafios novos. A construção desta igreja é antiga, mas a comunidade cristã que a acolhe é nova. É necessário dar resposta a esses desafios. Há falta de sacerdotes, há uma desertificação das nossas aldeias rurais, não é o caso de Aldeia de Joanes, em que há necessidade de encontrar novos caminhos. Não podemos ser espectadores, temos de ser actores activos e participativos na Igreja, assumir o compromisso do Baptismo. Uma comunidade que se acomoda, que repete o sempre foi assim, sem crescimento, sem dinamismo, tem de ser desafiada a novas respostas. A Igreja não é um museu que tem lá objectos antigos e cheia de tradições. O Reino de Deus é um projecto dinâmico, para avançar. O projecto da Igreja está nos talentos que Deus nos coloca nas nossas mãos, temos de os fazer render ao serviço dos outros, na construção de um mundo melhor.
Aberto a aceitar o vosso testemunho, neste partilhar mútuo, podemos avançar para novos caminhos, com o coração aberto e disponíveis para estes novos desafios, para crescermos na Fé e na construção do Reino de Deus. Demos as mãos e caminhemos juntos.»
Ao ofertório, três crianças da Catequese ofereceram duas lembranças ao novo Pároco, com a seguinte mensagem: «Que a cada manhã a vida renasça, trazendo-lhe novas emoções, surpresas, alegrias e até lágrimas. Saiba transformar as pedras em flores e que o caminho se torne cada vez mais repleto de sucesso e felicidade!»
No Facebook da Paróquia de Aldeia de Joanes, escreveu, «sucedo eu na missão de pastorear este pequeno rebanho de Cristo. É certamente uma nova etapa na vida da Paroquia de Aldeia de Joanes., no entanto a missão continua a mesma. Ser testemunhas de Cristo e construtores do seu Reino. Para isso é necessário a colaboração positiva e construtiva de todos os cristãos da comunidade, os que estão perto e os que estão longe. Como dizia Santo Agostinho “para vós sou padre, convosco sou cristão,” que o Senhor Jesus, Bom Pastor, me ajude a realizar esta missão. Peço a vossa oração por mim. Saudação de Paz para todos.
Deseja-se os maiores êxitos pessoais e pastorais na Paróquia de Aldeia de Joanes.
A propósito desta mensagem é oportuno que todos leiam e meditem a Carta de São Paulo aos Coríntios, Cap. 3,1-16, e o Evangelho de São Lucas, 9,46-50.
Deseja-se os maiores êxitos pessoais e pastorais nesta Comunidade Paroquial de Aldeia de Joanes e “demos as mãos e caminhemos juntos.»
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«Aldeia de Joanes», crónica de António Alves Fernandes
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Março de 2012)
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