Na sequência da conferência «A Biomassa florestal Residual (BFR) : A sua importância para o desenvolvimento do Interior», realizada no âmbito da ENERTECH 2016 – Feira das tecnologias para as energias, importa expor as principais conclusões.
Considerando que:
• No período de 2000 a 2013 houve no Concelho 669 Fogos Florestais e que isso correspondeu a cerca de 44.000 ha de área ardida, ou seja, cerca de 53 % do território;
• Uma exploração racional da floresta disponibiliza em primeiro lugar madeira para as Indústrias transformadoras e complementarmente BFR;
• A emergência do negócio local da biomassa é um desafio para as comunidades que, se ultrapassado, contribuirá enormemente para a diminuição do risco de incêndio florestal, para o desenvolvimento rural, para a criação de emprego;
• No Concelho do Sabugal a biomassa existente, nomeadamente matos, tem um elevado potencial para produção de biocombustíveis sólidos, sendo estes vulgarmente utilizados na produção de energia térmica, seja para aquecimento, seja na produção de eletricidade;
• Programas de eficiência energética, associando a utilização de biomassa como combustível, se traduzem em significativas reduções de custos com a energia, se compararmos com os custos do Gás Propano GPL, do gasóleo de aquecimento, da nafta e do fuel;
• A utilização da BFR na produção de energia elétrica, através de centrais termoelétricas dedicadas, é a forma mais eficaz para rapidamente aportar economia à limpeza da floresta;
• Atualmente a procura de BFR no Concelho é muito reduzida ou quase inexistente. A Central de Belmonte pouco ou nada tem absorvido de BFR. As outras centrais mais próximas encontram-se em Vila Velha de Rodão e em Mortágua, a cerca de 130 e 150 km respetivamente, distâncias que inviabilizam qualquer economia de entrega;
• Uma barreira a vencer no Sabugal esta relacionada com um aspeto importantíssimo que condiciona toda a cadeia de valor da BFR que é o seu transporte para o local de consumo ou transformação;
• A importância da otimização da logística, através de cadeias de valor curtas (recolha, processamento no local, transporte, armazenamento, etc) é conseguida através de Centro de Logística e recolha de biomassa, estrategicamente colocados;
• A área abrangida por Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) e baldios ocupa cerca de 4% do território do Concelho;
• As ZIF, os baldios, as 8 equipas de sapadores espalhadas pelo território e os Serviços de Gestão Florestal no Município são recursos importantes a considerar numa estratégia integrada de gestão da BFR para consumo de proximidade;
• Os baldios oferecem uma importante oportunidade para testar e exemplificar processos racionais de recolha de biomassa;
• Uma grande vantagem para o Concelho seria dispor de um mapa digital sobre ocupação do solo que disponibilizasse informação georreferenciada sobre as disponibilidades (biomássicas agro-florestais), assim como das estimativas dos volumes de produção (produtividade) passíveis de serem utilizados para a produção de energia (elétrica e térmica).
Justifica-se assim no Sabugal:
• A implementação urgente de medidas tendentes à retirada de uma carga térmica avaliada em 150 mil toneladas, e ao seu aproveitamento seja como Húmus (Fertilizante), Energia Elétrica ou Energia Térmica;
• Pugnar pela construção de uma Central Termoelétrica dedicada no triângulo Guarda / Sabugal/ Fundão, com potência que permita um consumo de cerca de 110 mil Ton/ ano;
• Implementar um programa Municipal de Gestão da Procura de Energia identificando Consumos e os correspondentes Custos Energéticos, dos edifícios públicos, das iPSS etc, estabelecendo depois objetivos de eficiência energética a 2020/30 com metas quantificadas de redução do consumo de energia para iluminação pública, edifícios municipais, frotas municipais,….etc;
• Preparar uma estratégia concelhia especifica para maximizar a utilização de combustíveis derivados da BFR para produção de energia térmica em caldeiras, substituindo combustíveis fósseis, começando no Edificado sob Administração Local (ou seja garantir mercado para redução do risco associado à iniciativa empresarial);
• Incentivar o investimento em Centros de Recolha e Comercialização de BFR, estrategicamente colocados, para disponibilizar às empresas florestais, aos proprietários florestais e à população em geral, locais próprios para depósito, não esquecendo o material resultante da manutenção das FGC (Faixas de Gestão de Combustíveis);
• Conceber uma estratégia de gestão florestal integrada de baldios que proporcione dimensão e racionalidade, atuando em 3 eixos fundamentais / estratégicos: Preservação, Reflorestação com espécies autóctones e Turismo de Natureza
• Tratar em pormenor o Mapeamento do Potencial de aproveitamento dos Recursos Endógenos (Eólico; Solar; Biomássico e Geotérmico) do Concelho;
• Ter uma atenção particular às iniciativas de Investigação, Desenvolvimento e Inovação tendentes ao aparecimento de produtos de valor acrescentado, tendo como matéria-prima a biomassa florestal.
Em suma:
A pergunta que se impôs na Conferência: BFR é negócio no Sabugal?
A resposta resultante: Ainda não é! Mas pode ser a curto prazo. O potencial é enorme. Os sabugalenses têm é que fazer por isso.
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José Escada da Costa, da Associação Malcata com Futuro
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