A recente publicação de uma portaria que permite caçar na zona sul da Reserva Natural da Serra da Malcata, gerou uma onda de contestação ao Ministério do Ambiente, por parte de ambientalistas, nomeadamente a Quercus, e de partidos como Os Verdes e o PAN.
A associação ambientalista Quercus critica a decisão e acusa o Ministério do Ambiente de “ceder a pressões do lobby da caça”, alertando que “a licença para matar” nesta área protegida “pode colocar em causa a recuperação de várias espécies-presa que se encontram a recuperar na zona, como o corço, o veado ou o coelho, e ainda de espécies em perigo, como o lince-ibérico, o lobo ou o abutre-preto”.
André Silva, deputado do PAN – Partido Pessoas Animais e Natureza, também critica a portaria e quer ouvir com urgência o Ministro do Ambiente sobre a permissão para caçar na Reserva. Considera que a decisão do governo é um retrocesso civilizacional que carece de fundamentação científica e política, pelo que vai organizar uma audição pública sobre o regime cinegético.
A contestação surge também pela mão do partido Os Verdes, que manifestam enorme preocupação e consideram que a decisão põe em causa os objectivos de conservação da Reserva Natural da Serra da Malcata, que é o habitat para muitas espécies emblemáticas da fauna selvagem portuguesa, nomeadamente o lince. “É incompreensível que se venha agora permitir a caça em plena Reserva Natural, o que certamente constituirá mais uma ameaça à possibilidade de recuperação desta espécie”, dizem os Verdes em comunicado.
Os Verdes adiantam que irão desenvolver esforços perceber as razões por trás desta decisão e tentar suspendê-la
Governo e Câmara de Penamacor defendem a Portaria
O Ministério do Ambiente refuta as críticas e argumenta que autorizou apenas “a actividade cinegética na região sul desta área protegida, designadamente a área integrante do concelho de Penamacor”, sendo desde sempre autorizada a caça no restante território da reserva.
O presidente da Câmara Municipal de Penamacor, António Luís Beites, em declarações à agência Lusa, considera “favorável para o concelho” a revogação da portaria que interditava a caça e atribuiu as críticas ao desconhecimento”.
Para além do fim da interdição de caça, foi simultaneamente criada uma zona de caça na mesma área, que será gerida pelo Município de Penamacor – “Este é um processo que foi promovido pela Câmara, em colaboração com o Instituto de Conservação da Natureza e Floresta, e naturalmente consideramos que esta é uma boa notícia e uma decisão favorável para o nosso concelho, porque pode potenciar o turismo cinegético e gerar fluxo económico”, afirmou o autarca.
plb
Para quem de direito :
Nenhuma região do País sobrevive só com turismo de fim de semana, nem o Algarve nem a Ilha da Madeira tinham sobrevivido.
Com turismo de fim de semana, nas nossas zonas do interior, com Penamacor e o Sabugal, sobrevive um ou outro restaurante, um ou outro hotel, uma ou outra casa rural, e o resto da população ? Esta tendência das Câmaras se « agarrarem » simplesmente ao turismo de fim de semana, tem a ver com interesses e lobbys instalados. Agora, a Penamacor chegou a
« licença para matar », o lobby da caça.
Querido leitor (a), nas zonas mais deprimidas, como a nossa Sabugal e também Penamacor, quando se falar em desenvolvimento que não seja harmonioso ( para todos ), alguém está por detrás.
António Emídio