Idanha-a-Nova, que foi há dias declarada Cidade da Música pela UNESCO, tem lutado acerrimamente contra a fatalidade de ser uma terra do interior profundo de Portugal. A dinâmica desse concelho do Interior contrasta com a fraca mobilidade que o Sabugal apresenta.
A tenacidade da gente da Idanha está bem patente no trabalho exemplar desenvolvido pelos seus autarcas.
Tudo começou com o presidente Joaquim Morão, o autarca modelo que um dia seguiu para Castelo Branco onde foi promover o desenvolvimento da capital da Beira Baixa. Foi com ele que a Idanha deu o salto, aproveitando os fundos estruturais para fazer obra, de onde se destacou o Centro Cultural Raiano, que passou a acolher iniciativas de elevado mérito.
Mas o empenho manteve-se com os autarcas que lhe sucederam.
Exemplos desse esforço titânico em favor da valorização do território não têm faltado. A Feira Raiana que já vai numa vintena de edições, o famosíssimo «Festival Boom» de música alternativa, a bolsa de terras que tem tido inegável sucesso, os raides equestres que trazem gente de todo o país, os passeios de cangalhos, as feiras da caça e da gastronomia, a prestigiada revista «Adufe» de edição anual, a feliz criação do Geopark Naturtejo. Tudo tem contribuído para afirmar um concelho que resiste às adversidades e quer vencê-las.
Ainda no início deste ano o actual autarca, Armindo Jacinto, apelou aos portugueses para que vejam aquela vila do interior como a «terra das oportunidades», apresentando-lhes em Lisboa o programa «Recomeçar» para inverter a tendência de despovoamento, sublinhando que a baixa densidade demográfica não é uma desgraça, mas uma oportunidade para que venham novos idanhenses, nomeadamente os que tanto desejam deixar as cidades e encontrar uma nova oportunidade em terras que oferecem o melhor.
O sucesso da Idanha, agora mais visível ao tornar-se Cidade da Música, contrasta com o Sabugal, terra de iguais ou até melhores potencialidades, que contudo não tem acertado com a definição de uma estratégia de acção que lhe garanta o sucesso. Aqui, no Sabugal, nada se afirma pois pouco ou nada tem continuidade. A maior parte das iniciativas são desgarradas, sem um fio condutor e sem um sentido estrutural.
Também se aprende olhando para as experiências dos outros e o exemplo da Idanha é bem revelador de como se pode dar expressividade e atractividade às terras do Interior.
:: ::
«Contraponto», opinião de Paulo Leitão Batista
:: ::
Leave a Reply