Falemos de eleições. Melhor, de resultados das eleições.
1 – A coligação PàF ganhou as eleições com 38,8% dos votos. O PS perdeu as eleições com 32,4% dos votos. Em terceiro lugar ficou o BE com 10,2% dos votos e, em quarto lugar, ficou a CDU com 8,3% dos votos.
Os resultados factuais são estes. O que eles representam é outra coisa. A análise que permitem é, deveras, interessante.
Comecemos por quem ganhou. Falemos, neste início de prosa, ainda, da coligação. O resultado obtido ficou aquém do de 2011. Agora juntos, quando há quatro anos o PSD e o CDS concorreram separados. Desta forma, levanta-se a questão: o que vale cada um deles, agora, em separado?
Escrevi aqui que as eleições eram um dilema para o CDS. E, por isso, previa a coligação com o PSD. Pois isoladamente, seriam (corriam o risco) reduzidos a pouco mais do que o «partido do táxi». Assim, coligados, o CDS, consegue ter um grupo parlamentar! Todavia, aproxima-se de se diluir na ala mais à direita do PSD. Principalmente deste PSD.
Agora, o PSD. Quanto vale o PSD sem o CDS? Consideremos, por hipótese, que o CDS ainda vale quatro pontos percentuais dos votos, e, se os retirarmos ao resultado agora obtido juntos, ficaremos com… 32,8%! Um poucochinho acima do PS (32,4%).
Mas bom, são as hipóteses que a leitura dos números permitem.
O PS perdeu as eleições. Não conseguiu ter mais votos do que a coligação. Pode argumentar que retirou a maioria absoluta à coligação. Pode ser uma vitória. Mas terá sido o PS?
Pode, ainda, argumentar que teve mais votos do que o PS de António José Seguro. Pois. Mas Seguro ganhou as eleições…
As ilações a tirar deviam ser claras. Se quem ganha por «poucochinho» sai, o que faz quem perde por mais que «poucochinho»?
O BE aumentou (dobrou) o seu número de votantes. Ganhou. Mas não ganhou as eleições. Aí perdeu.
A CDU aumentou a sua votação. Ganhou. Mas perdeu para o BE o lugar de terceira força política e perdeu as eleições.
Olhando para os números, talvez, tenham sido estes os partidos que tenham retirado a maioria absoluta à coligação e… ao PS! Então, também ganharam.
A conclusão a que chego é que, entre vitorinhas, foi, para todos, uma vitória de Pirro.
2 – Por partes… Sou dos que defendo que é preciso rever os prazos constitucionais (e a lei eleitoral) no que concerne aos prazos (tempo) da campanha eleitoral e de formação de governo. Contudo, até lá, devemos reger-nos pelos que estão em vigor.
O Presidente da República, reflectiu tanto, que saiu borrada. Outra vez. Devia ter ouvido todos os partidos eleitos para Assembleia da República e, depois, sim, depois, convidava Passos Coelho para formar governo. Ainda por cima, depois de andar um ano em campanha pela maioria estável e que, só assim, dava posse a um governo!…
3 – No Concelho do Sabugal, a coligação ganhou folgadamente. Mas, chamo atenção para o elevadíssimo (mais de 50%) de abstenção. É um assunto que deveria merecer reflexão. Ao cuidado dos agentes políticos.
:: ::
«A Quinta Quina», opinião de Fernando Lopes
Fernando :
A abstenção eleitoral costuma relacionar-se com a apatia cívica, só nestas últimas eleições de 4 de Outubro abstiveram-se 4.065.288 eleitores !
O voto em branco, ou danificado propositadamente, é um protesto. Pessoalmente, gosto mais do protesto do que da apatia ( indiferença ).
António Emídio