Abandono mais uma vez os habituais temas sabugalenses, para declarar que hoje me sinto grego!
Sinto-me grego porque compreendo que o povo grego tem o direito de decidir se quer continuar a sofrer na pele os desvarios de um conjunto de dirigentes políticos europeus que mais parecem os «quarenta ladrões» que os eleitos dos diferentes povos que constituem o continente europeu.
Sinto-me grego porque sei os sacrifícios que o povo grego fez nos últimos seis anos ao contrário do que impingem as agências noticiosas ao serviço dos interesses alemães e dos agiotas globais.
Sinto-me grego porque acredito que se a Grécia ganhar, também Portugal e os portugueses ganharão. E sinto vergonha destes lacaios que nos (des)governam e que, traindo os portugueses, se apresentam na Europa quais Leonor de Teles vendendo o seu País por um prato de lentilhas.
Sinto-me grego porque se os gregos conseguirem alcançar um acordo melhor, tal vai criar condições para que um novo Governo português renegoceie as condições que estes lacaios continuam a aceitar.
Sinto-me grego porque os povos, denominados pelos ditos países ricos como os PIGS (o que em inglês quer dizer porcos!), têm o direito de pertencer a uma Europa social e economicamente mais justa e coesa, recuperando a lógica de convergência que foi a base da constituição da Comunidade Europeia, como era afirmado no Artigo 2.º do Tratado que instituiu a Comunidade Europeia em 1957 e que dizia:
«A Comunidade tem como missão, através da criação da um mercado comum e de uma união económica e monetária e da aplicação das políticas ou acções comuns a que se referem os artigos 3.º e 4.º, promover, em toda a Comunidade, o desenvolvimento harmonioso, equilibrado e sustentável das actividades económicas, um elevado nível de emprego e de protecção social, a igualdade entre homens e mulheres, um crescimento sustentável e não inflacionista, um alto grau de competitividade e de convergência dos comportamentos das economias, um elevado nível de protecção e de melhoria da qualidade do ambiente, o aumento do nível e da qualidade de vida, a coesão económica e social e a solidariedade entre os Estados-Membros.»
Não foram os gregos, nem os espanhóis, nem os italianos, nem os irlandeses, nem os portugueses que esqueceram estes princípios.
Foram os dirigentes políticos dos países mais ricos, a soldo do sistema bancário internacional e dos especuladores financeiros quem conduziu estes povos para a situação em que hoje se encontram e a quem é agora pedido para pagarem sozinhos os prejuízos para que aqueles possam continuar a enriquecer à nossa custa!
Por tudo isto, e independentemente do que for o resultado do referendo de domingo, hoje sinto-me grego!
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ps1. Porque aqui me insurgi contra a forma como o atual Presidente da Assembleia Municipal dirigiu os trabalhos na sessão de Dezembro, também aqui dou conta, e ainda bem, da forma correta como foi dirigida a sessão da AM realizada na passada sexta-feira.
ps2. Foi uma jornada de saudade e amizade aquela que me juntou no passado sábado com mais uns quantos (cada vez mais) Manéis e suas Marias sabugalenses. A chanfana, as sardinhas, as enguias, tudo estava ótimo, mas tudo estaria sempre bem, pois estávamos em boa companhia. Para o ano, se a vida mo permitir, direi presente de novo.
ps3. Espero que estas minhas palavras não sejam deturpadas, mas não posso deixar de as escrever.
Sei que organizar umas festas como as do São João no Sabugal só se torna possível porque um conjunto de sabugalenses aceitam deitar mãos à obra e sacrificam família e tempos livres para que tudo corra bem.
Sei também que sem as contribuições financeiras de sabugalenses, da Câmara e da Junta, e, sobretudo, das empresas sabugalenses, não seria possível a sua realização.
E sei como muitos empresários, nomeadamente os sabugalenses, consideram quase uma obrigação apoiar os mordomos. Conheço os donos da empresa em causa e sei que a sua contribuição, mais que uma forma de fazer publicidade no recinto, é uma forma de apoiar a manutenção de uma tradição de décadas.
E por isso, penso ter sido uma simples distracção a cobertura de parte da fonte velha com um cartaz publicitário. Mas, como diria o actor, «Não havia necessidade…»
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«Sabugal Melhor», opinião de Ramiro Matos
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Setembro de 2007)
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