A semana que passou, era a semana das decisões acerca da Grécia. A União Europeia fez de conta que era ela que negociava com os gregos quando, na prática, era o governo alemão. O ministro das finanças alemão foi fazendo questão de deixar os recados em todas as paragens por onde andava.
Sim, a Grécia teve que fazer uma série de concessões para obter um acordo.
Um acordo que, perante o fundamentalismo alemão e seus acólitos, lhes permitiu, face às circunstâncias, ganhar tempo. Perante isto, arregimentaram-se os da ordem estabelecida, congratulando-se com a vitória dos da troika sobre a Grécia. Argumentando que os gregos têm, pura e simplesmente, que pagar, mesmo que isso signifique a miserabilidade do povo grego. Mesmo que, aquilo que ressalta seja uma espécie de alteração semântica. Para a direita, vergar os gregos era o mais importante. Mesmo perante o «mea culpa» de Junkcer. Mesmo perante a inevitabilidade do fracasso do modelo político económico traçado, o importante era impor as regras aos gregos. Fazendo, desta forma, parecer que, as até agora directrizes ditadas pela Alemanha são o único modelo.
A União Europeia não esteve interessada em discutir as alternativas que se lhes colocavam. O único interesse foi seguir o ditame: a austeridade e o pagamento, milionário, aos credores. Aquilo que a União Europeia tem para oferecer aos seus cidadãos é a miséria, desde que alguns dos seus banqueiros e a grande cambada de políticos que proliferam na Europa estejam bem.
Portanto, para aqueles que acusavam o Syrisa de radicalismo e extremismo, ficou demonstrado que esse radicalismo morava do outro lado. Como terá saltado de contente Passos Coelho e Maria Luís! Até os estou a ver a contarem ao ministro das finanças alemão o «conto para crianças».
A União demonstrou que vive de uma hipocrisia a toda a prova e que está refém das vontades do governo de Berlim. A prova? Vejam o discurso de Durão Barroso, antes presidente da Comissão Europeia, agora professor. Na primeira aula, na Universidade Católica, falou da Europa, falou do que os países pequenos e de média dimensão devem fazer – apresentar ideias e impor vontades. Lindo, não é? Foi isso que ele disse e praticou no exercício da sua presidência? E viu-se agora com a Grécia.
Tal como no futebol no final ganha sempre… a Alemanha.
:: ::
«A Quinta Quina», opinião de Fernando Lopes
Leave a Reply