Damos continuidade à apresentação do léxico «O Falar de Riba Côa» com as palavras e expressões populares usadas na raia ribacudana.
Entre os termos VENA e VUNHIR.
VENA – vontade; tentação. Deu-lhe na vena.
VENCELHO – haste de pão com que se ata a gavela quando se ceifa; o m. q. vincilho.
VENDA – loja de comércio; taberna.
VENETA – mania; vontade espontânea; tentação pensamento repentino. Está com a veneta.
VENIAGA – traficância; contrabando (Manuel Leal Freire). Estrago; morticínio; razia (Duardo Neves).
VENTANA – janela (Do Castelhano: ventana).
VENTANEIRA – vento forte e prolongado; ventania.
VENTANOSO – ventoso.
VENTAS – cara. «A futura sogra, de ventas torcidas, entrou de rompante na sala» (Abel Saraiva).
VENTO CIEIRO – vento frio do Inverno, vindo de Leste, que traz a geada e o códão.
VERÇAS – caldo de couves (Júlio António Borges). Couves.
VERDASCA – vara pequena e flexível; vergasta.
VERDASCADA – pancada com verdasca.
VERDE – erva para os animais (Júlio António Borges).
VERDEGAL – variedade de figo (Clarinda Azevedo Maia – Fóios). O m. q. verdejo.
VERDEGAR – começar a fazer-se verde; verdejar.
VERDEGOSO – verdejante; de tom verde.
VERDEJO – variedade de figo (Clarinda Azevedo Maia – Lageosa).
VERDETE – ódio; zanga (Júlio António Borges).
VERDIZELA – haste ou vara flexível que se encontra dentro da canela do tear (Clarinda Azevedo Maia – Fóios).
VERDOADA – açoite; cacetada; varada.
VERDOSA – ferrã; erva – termo da gíria de Quadrazais (Nuno de Montemor).
VEREDA – atalho; caminho pedestre. Interjeição que significa: mete-te ao caminho, vai embora.
VERGALHO – chicote feito a partir do pénis do cavalo ou do boi.
VERGALHUDO – homem forte e corajoso; o m. q. varudo.
VERGONHAÇO – grande vergonha; vexame (Júlio António Borges).
VERGUEIRO – barra de ferro que faz parte da canga e evita que a mesma se torça quando os animais fazem tracção. Aquele que trabalha a verga. Homem que, nas malhas, carrega a palha para alimentar o palheiro, usando uma verga para a segurar às costas. O m. q. cesteiro.
VERGUIO – forte; corajoso; difícil de vergar.
VERGUNTA – vergôntea; vara flexível; ramo tenro de árvore.
VERMELHÃO – nódoa vermelha (Francisco Vaz).
VERRUMA – pequena tradela ou tradinha. Verruga.
VER SE TE AVIAS – pressa; rapidez. Foi um ver se te avias.
VERTER ÁGUAS – urinar.
VESGO – estrábico; zarolho; que não vê bem.
VÉSTIA – casaco de homem; jaqueta.
VEZADA – cada uma das vezes em que se faz qualquer coisa. Bebeu o vinho de uma vezada.
VEZEIRO – aquele que tem a vez no sistema da adua (na rega, no uso do forno, etc.). Reincidente; que tem o costume (o vezo) de fazer alguma coisa.
VEZO – hábito, costume.
VIA – causa – por via de.
VIANDA – refeição do porco, que consiste em água de lavagens com verduras e farelo.
VIDRAÇA – janela envidraçada.
VIDRINHO – pessoa muito sensível (Júlio António Borges).
VIGAIRADA – boa vida; vadiagem. Os três da vigairada: cocó, ranheta e facada.
VIMA – emplastro caseiro que se coloca sobre a pele em local dorido. Indivíduo rela, pelga que não desgruda (Júlio Silva Marques).
VIMAR – segunda volta, com o arado, no terreno que vai ser semeado (Júlio António Borges).
VINCILHO – haste de pão com que se aperta a gavela quando se ceifa (Manuel dos Santos Caria). Mais a norte diz-se vincelho. Também se diz bancilho.
VINDIMAR – surripiar; dizimar; assassinar.
VINDIMO – que vem no tempo das vindimas; serôdio. Figo vindimo.
VINHATEIRO – indivíduo natural de Valongo do Côa.
VIRAR O BICO AO PREGO – mudar as coisas; fazer o contrário daquilo que foi prometido.
VIRO – peça de ferro única, fina e aguçada, usada para descamisar a maçaroca do milho. Pauzinho de apertar o bucho e o palaio.
VISITA – géneros alimentícios que os padrinhos mandam aos noivos no dia do casamento (Júlio António Borges).
VISTA – olhos. Paisagem; tudo o que o olhar abarca. Que belas vistas!.
VISTA-BAIXA – porco – termo da gíria de Quadrazais (Franklim Costa Braga).
VIVO – animais domésticos. Vou tratar do vivo.
VOLTARETE – jogo de cartas entre três parceiros. «Com o oficial e outro amigo, jogaram uma partida de voltarete» (Joaquim Manuel Correia).
VUNHIR – vir – termo da gíria de Quadrazais (Franklim Costa Braga).
:: ::
Paulo Leitão Batista, «O falar de Riba Côa»
Boa tarde! No Casteleiro, conhecem-se alguns destes termos:
VENDA (pouco usado), VENETA, VENTANEIRA, VENTAS, VERDASCA e VERDASCADA («vardasca» e «vardascada), VERDOADA, VERMELHÃO (e vemelhidão), VERRUMA («barruma»), VER SE TE AVIAS, VERTER ÁGUAS, VESGO, VEZADA, VEZEIRO, VEZO, VIA, VIANDA, VIDRAÇA, VIDRINHO, VINDIMAR, VIRAR O BICO AO PREGO, VISTA e VIVO.
E usam-se verdete e vergueiro para significar, respectivamente, a camada de óxido em cima do cobre e a pessoa que trabalha a verga.