LAMEGAL – Ao conceder forais a determinadas aldeias, o Rei reconhecia a sua importância para a defesa do território nacional. Não foi o caso do Lamegal que foi concelho mesmo sem ter havido prévio foral. O Pelourinho do Lamegal é original e dos mais rústicos de toda a beira, principalmente pela sua base.
A freguesia do Lamegal, pertence ao concelho de Pinhel e fica localizada na sua metade mais a sul. O terreno onde se encontra implantada a freguesia é praticamente plano, o que terá levado à atribuição do nome à localidade que provém de lama, local plano.
A freguesia é atravessada pela Ribeira de Pega, (a que neste local chamam Ribeira do Lamegal) que constitui um afluente da margem esquerda da Ribeira das Cabras.
Esta localidade foi sede de um pequeno concelho, que englobava apenas a freguesia, embora se não conheçam documentos relativos à sua criação. Também não se localizou qualquer foral que tenha atribuído às gentes do Lamegal privilégios e deveres especiais, à semelhança do que aconteceu também com outro antigo concelho (Alverca da Beira) do actual concelho de Pinhel.
Pertenceu ao concelho do Jarmelo, até à extinção deste por decreto de 31 de Dezembro 1853. Nessa altura, a freguesia transitou para o concelho da Guarda.
Ainda durante o século XIX, na sua parte final, foi integrada no concelho de Pinhel onde actualmente se encontra.
O brasão do Lamegal, não reflete o facto de esta aldeia ter sido sede de um concelho medieval, embora sem foral atribuído. O brasão contém para além de elementos ligados a actividades locais, apenas 3 torres prateadas que é uma característica de freguesia e não de concelho. A publicação da aprovação dos símbolos heráldicos pode ser vista (aqui) e tendo ocorrido em 2008 quando o Lamegal era apenas freguesia. Provavelmente, o concelho do Lamegal, enquanto existiu, possuía outro brasão mas não consegui localizá-lo.
Lendas que tenham como base esta aldeia existem várias, sendo a mais famosa a lenda de Nossa Senhora da Menina (aqui).
O pelourinho do Lamegal possui uma característica muito própria e que provavelmente o diferencia de todos os outros. Para além da sua forma alongada e fálica, este monumento está cravado num maciço rochoso natural.
Este monumento está classificado pelo IGESPAR como imovel de interesse público e a sua descrição pormenorizada pode ser vista(aqui). Este pelourinho consta do inventário feito em 1935 pela Academia Nacional de Belas Artes (aqui).
Com a reforma administrativa das freguesias, operada em 2013, a freguesia do Lamegal do concelho de Pinhel manteve-se com o seu território tal como se encontrava antes daquela reforma (aqui).
A ribeira de Pega a que nesta aldeia chamam ribeira do Lamegal, como acontece em quase todas as Ribeiras nas terras raianas, que mudam de nome conforme as terras que atravessam, é um curso de água límpida e cujas margens são cobertas de muita vegetação. Contribui para isso o pouco acidentado leito da ribeira que nesta zona em muitos pontos é praticamente plano. Vale a pena visitar o Lamegal quer seja no verão para gozar da oferta verdejante e límpida da ribeira quer no inverno em que as tradições culinárias da zona nos farão certamente voltar.
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«Do Côa ao Noémi», opinião de José Fernandes (Pailobo)
Caro José Fernandes
Fico-lhe extremamente grato por ter vindo até ao antigo concelho do Jarmelo que, como diz, em 1853, foi absorvido pelos concelhos de Pinhel e da Guarda. A festa da Senhora da Menina realiza-se em maio quando tudo, por aqui, é verde à exceção do Céu azul que , por essa altura, já espreita os primeiros calores do ano. A Ribeira da Pêga foi o grande rio da minha infância e engalana-se de limos verdes que se alongam sobre águas mansas esperando a festa de maio. O pelourinho é uma referência histórica e a ponte ajuda a construir um lugar paradisíaco. E, sim, o meu amigo, tem toda a razão quando diz que quem por aqui passe uma vez ficará, certamente, com vontade de voltar.
Um abraço