Na sequência da publicação do artigo «Estou revoltado e indignado», da autoria de José Manuel Campos, presidente da Junta de Freguesia dos Fóios, a direcção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Soito enviou-nos com pedido de publicação uma carta aberta, que transcrevemos na íntegra.
«Carta Aberta à população dos Fóios (e a quem possa interessar)
No dia 20 do passado mês de Abril, o Sr. José Manuel Nunes Campos, Professor reformado e Presidente da Junta de Freguesia dos Fóios, onde reside, publicou em blogs e no facebook um texto que intitulou «Estou revoltado e indignado».
Nele descreve o que aconteceu depois de um elemento da Equipa de Sapadores dos Fóios lhe ter comunicado «já ao fim da tarde» que tinha deflagrado um incêndio próximo da «casa abrigo» do Pissarão.
Assim diz que tendo-se deslocado para a zona viu dois helicópteros espanhóis e como não viu os Bombeiros do Soito perguntou aos Sapadores se ainda não tinham chegado. Responderam-lhe que não e ele ligou para os Bombeiros.
Não contestamos nada disto.
A verdade é que a primeira vez que a Corporação teve conhecimento do incêndio foi cerca das 17h30m quando o Bombeiro de 2.ª Classe José Esteves Pinto recebeu a chamada referida.
Diz este, em resposta ao inquérito interno aberto pela Direção que nesse dia pelas 16h50m a Corporação foi alertada pelo Comando Distrital de Operações de Socorro, com sede na Guarda, e que coordena todas as acções de Protecção Civil, incluindo os Combates a Incêndios, de um fogo entre Quadrazais e Vale de Espinho, para o qual a viatura VLCI-04 saiu às 16h52m com a guarnição.
Ao receber a chamada do Sr. Presidente da Junta de Freguesia dos Fóios e não havendo no quartel gente disponível (contratada) tentou contactar a equipa que já estava para aquele lado para ver o que poderiam fazer e também para confirmar se o alerta e a chamada não se refeririam ao mesmo fogo, não o tendo conseguido por falta de rede.
Entretanto às 17h50m (20 minutos depois da chamada do Sr. Presidente da Junta) chega ao quartel a equipa que fora para Vale de Espinho comandada pelo Bombeiro de 1.ª Classe Artur Costa. É este que diz: ‘Cheguei ao Quartel às 17h50m e de imediato fui mobilizado para o incêndio nos Fóios.’
Saímos pelas 17h51m e durante o percurso informamos o CDOS que estávamos a 10m do local. Às 18h08m, 38 minutos depois da 1.ª chamada, já perto do local informei que o incêndio já estava a progredir em Espanha.
Perto do incêndio encontrámos o Sr. Presidente da Junta de Freguesia dos Fóios acompanhado do Sr. João José Carvalho Oliveira, do Soito e já na ocasião nos interpelaram com maus modos e tiraram fotografias.
Passamos a efectuar o rescaldo e consolidação da parte de Portugal, e mal chegamos, a Equipa de Sapadores dos Fóios abandonou a área do sinistro, sendo cerca das 18h10m.
Às 18h25m o Adjunto de Comando chegou ao local e assumiu o comando operacional, que retomei quando este abandonou o local pelas 19h30m.
Quando chegou a 2.ª Equipa às 18h25m com o veículo VLC-02 e respetiva guarnição (5 elementos) e ao constatar que já não havia perigo na parte Portuguesa entramos então em operações de combate em Espanha, tendo sido declarado dominado o incêndio pelas 22h37m.
O Adjunto de Comando, o Sr. Nuno Mendonça, confirma tudo o que foi dito e acrescenta que nas operações de combate em Espanha, o comando foi assumido pelos Bombeiros Espanhóis.
Acrescenta ainda, que logo se deslocou aos Fóios para tentar desfazer algum mal-entendido que as interpelações referidas pela equipa de combate deixavam antever e que em conversa com o Sr. Presidente da Junta que decorreu de forma cordial explicou todos os factos agora descritos.
Os horários referidos podem ser confirmados pelo CDOS que tem registo de todas as comunicações.
Dito isto até compreendemos que o Sr. José Manuel Nunes Campos imaginasse que surgissem de imediato os autotanques que viu a encher uma piscina nos Fóios. Só que terá que compreender que com o pessoal disponível nos Bombeiros Voluntários do Soito e num fogo com as características físicas geográficas deste é mais eficaz o combate com sapadores, que aliás, além dos meios aéreos de que também gostaríamos de dispor, era o que estavam a fazer os espanhóis.
O Sr. José Manuel também tem que compreender que não estando activado (Dispositivo Especial de Incêndios) no quartel dispomos de 8 contratados para estas situações que têm se assegurar incluindo os fins de sema sendo diariamente 5 homens e todos os outros bombeiros, são voluntários. Nos Sapadores dos Fóios são 5 contratados.
Para terminar:
– Os bombeiros do Soito chegaram ao incêndio 38 minutos depois da chamada do Sr. Presidente da Junta, às 18h08m e a partir daí asseguraram todas as ações necessárias tendo abandonado o local às 22h37m.
– Lamentamos que o Sr. Presidente assuma que a Junta de Freguesia dos Fóios está a pensar cortar relações com os Bombeiros Voluntários do Soito, mas não sabemos se a Junta se pronunciou.
– Queremos assegurar à população dos Fóios que tudo continuaremos a fazer para a servir o melhor possível sempre que formos chamados.
– A piscina que enchemos foi de um residente dos Foios e a quem cobrámos o valor estipulado por esse serviço.
– O serviço é prestado a quem o quiser contratar e em tempo de aperto financeiro no país o rendimento que daí advém dá-nos muito jeito. Agradecemos a quem nos contrata.
– Visto que o Sr. José Manuel também assume que a Junta de Freguesia não irá colaborar na cobrança das quotas informamos todos os sócios interessados que em tempo oportuno os bombeiros continuaram a deslocar-se aos Fóios.
A Direção»
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