5 de Outubro de 1910. 5 de Outubro de 2010. Os 100 anos da República foram assinalados com pompa e circunstância no concelho do Sabugal. A Comissão do Centenário, presidida por Adérito Tavares, preparou com muita dignidade – e qualidade – um programa comemorativo que destaca os valores republicanos da educação, liberdade, igualdade e justiça para todos.
A sessão solene das comemorações do Centenário da Implantação da República no concelho do Sabugal, no dia 5 de Outubro de 2010, teve lugar no Auditório Municipal. A mesa foi constituída por António Robalo, presidente da Câmara Municipal do Sabugal, por Santinho Pacheco, governador civil da Guarda, por Ramiro Matos, presidente da Assembleia Municipal do Sabugal, por Adérito Tavares, presidente da Comissão Municipal para as Comemorações e por Jaime Vieira, igualmente da Comissão Municipal.
A sessão solene foi aberta pelo presidente da Câmara Municipal do Sabugal, António Robalo. O autarca raiano deu as boas-vindas a todos os convidados e felicitou os membros da Comissão Municipal e todos os que colaboraram, nos serviços do município e da Sabugal+, para a organização das cerimónias dos 100 anos da República que decorrem até ao dia 30 de Outubro.
«Faz hoje 100 anos que foi implantada a República, na sequência de um processo revolucionário de republicanização progressiva do país. Finda a monarquia, institui-se a república, que mais não é que o regime político em que ainda, e felizmente, vivemos e em que os cidadãos exercem o poder por intermédio de representantes por si eleitos e em que não existem cargos hereditários», afirmou António Robalo no início do seu discurso. De seguida foram destacadas pelo autarca as principais medidas da República como a «expulsão do país das ordens religiosas, erradicação de qualquer conteúdo religioso do ensino público, na legislação ou nos órgãos do Estado, universalidade e obrigatoriedade do registo civil, mudança da unidade monetária, mudança dos símbolos nacionais (bandeira e hino), instituição do casamento civil obrigatório e do divórcio, igualdade perante a lei, livre expressão do pensamento, instrução obrigatória e gratuita para todas as crianças dos 7 aos 12 anos, autorização e regulamentação da greve, instituição do descanso semanal e obrigatório dos trabalhadores ou a limitação dos horários de trabalho».
Houve, contudo, no entendimento do autarca, «excessos» praticados pela revolução republicana «próprios de quem quer dar novos rumos ao País» mas que «permitiram implantar valores, princípios, ideiais e… a visão da República onde deve prevalecer o interesse público sobre os interesses particulares. O autarca sabugalense recordou o exemplo de Manuel de Arriaga que «não teve direito a habitação como primeiro Presidente da República e só ocupou o palácio de Belém mediante o pagamento de renda».
Para os tempos de crise que vivemos António Robalo aconselhou a «valorizar princípios que orientem a sociedade, a dar o nosso melhor, a trabalhar em prol da comunidade, a esquecer as diferenças e a reforçar o espírito de cooperação» e celebrar os valores republicanos como «igualdade, fraternidade, liberdade, solidariedade, austeridade e não ostentação, preocupação, sacrifício e dedicação ao bem comum».
O presidente sabugalense aproveitou para deixar alguns conselhos «locais»: «Quer a nível nacional quer a nível local que cada um sirva a sociedade. Como eleitos ou como eleitores, os ideais republicanos devem balizar o rumo que queremos para o País, para a região, para o município, para a freguesia. Privilegiar o interesse público acima dos interesses particulares, gerir a coisa pública com determinação, com visão, administrando com zelo o esforço dos contribuintes, dando o exemplo. Às oposições pede-se colaboração no sentido de promoverem o bem comum e não a satisfação dos interesses particulares, os interesses dos seus eleitores. Quantas vezes as oposições estão contra, entre outras razões, porque o poder está a favor? Ao celebrar o centenário da República são estes os valores que devemos celebrar, valores de igualdade, de fraternidade, de liberdade, de solidariedade, de austeridade e não de ostentação, de preocupação, sacrifício e dedicação ao bem comum».
A finalizar e antes do «Viva a República!» o presidente António Robalo recordou o grande Almeida Garret para quem «tudo o que se fizer há-de ser pelo povo e com o povo… ou não se faz».
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Discurso do Presidente da Câmara Municipal do Sabugal. Aqui.
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1 – As cerimónias do Centenário mereceram uma atenção especial por parte dos responsáveis municipais. O cartaz, da autoria de Manuel Morgado, é belíssimo e recebeu os parabéns de todos. Santinho Pacheco, governador civil da Guarda, quando foi presenteado pelo artista com uma serigrafia surpreendeu com uma tirada soberba: «Daqui a cem anos ninguém se vai lembrar dos nossos nomes mas tenho a certeza que vão recordar o de Manuel Morgado.»
2 – Excelente trabalho da Comissão Municipal para as Comemorações do Centenário presidida pelo professor Adérito Tavares. A exposição no Museu é historicamente valiosa. E o que falta cumprir do programa promete…
3 – A República «paga» para ter ao seu serviço centenas de mulheres e homens eleitos para representar o povo. O concelho do Sabugal tem 40 freguesias. As juntas de freguesia são constituídas por três elementos (executivos). A Assembleia Municipal tem, além dos 40 presidentes de Junta, 41 deputados (ou membros). Mas… estiveram presentes na sessão solene no Auditório Municipal do Sabugal, no dia 5 de Outubro, salvo melhor contagem um total de: 3 presidentes de Junta de Freguesia e menos de 10 deputados municipais. É simplesmente lamentável a falta de sentido de responsabilidade de alguns eleitos.
4 – Entre a insustentável leveza e ligeireza da indiferença de uns e as obscuras e bafientas tentativas de tudo tentar manter na mesma de outros há coisas que são difíceis de perceber no republicano concelho do Sabugal.
jcl
Será que ainda ninguém pensou que se o Sabugal (e a raia, e o interior, no seu todo) estão tão em declínio, isso se deve precisamente à república, aos seus “ideais”, e Às ideias “progressistas”, que mais não fizeram senão transformar Portugal num campo de guerra, de perseguições, assassínios e ódios? Não se lembrarão também que os republicanos eram seguidores dos franceses que cem anos antes massacraram os portugueses nas suas invasões? Então porquê comemorar cem anos de tão nefasto regime?
No meio desta polémica tonta, toda a gente esqueceu o bom discurso republicano do presidente de edilidade, apelando à «colaboração no sentido de promoverem o bem comum e não a satisfação dos interesses particulares»… e aos «valores de igualdade, de fraternidade, de liberdade, e solidariedade».
Aparentemente temos os deputados que merecemos.
Que “lavagem de roupa suja”! Havia necessidade?
Sr. Carlos Rosa, assim de repente não me vem à memória quem o Sr,possa ser;no entanto, pelo seu comentário sei o suficiente: o Sr.Carlos é daquelas pessoas que só comparece nos eventos quando há “tacho”!
Mas deixe-me que lhe diga, como eu não costumo comparecer nas iniciativas de “comes e bebes”, eu vou pedir a quem me costuma contactar e o Sr. usufrui da minha senha… eu não tenho qualquer problema nisso!
Obrigada pela sua atenção.
P.S. Espero que tenha conseguido um almoço no restaurante que publicitou… Bom Apetite!
Como me divertem estas explicações públicas dos srs deputados municipais perante a sua escandalosa falta a uma cerimónia de grande importância organizada pela câmara municipal. Isto só se resolve introduzindo factores de motivação como o direito a senha de presença e a almoço no Robalo.
Quero dizer-lhe que o senhor faz análises precipitadas, se é que alguma vez já fez análises. Onde toda a gente vê moinhos de vento, o senhor continua a ver soldados inimigos…Vai para 20 anos que sou autarca no Sabugal e neste lapso de tempo tenho visto passar muitos cavaleiros andantes e arrivistas.Quero dizer-lhe que no que me diz respeito, seria com prazer que teria estado nas comemorações da Republica, não fora o facto de nesse dia no período da manha ter estado na cerimónia fúnebre do meu tio Amândio, irmão da minha mãe, na Cerdeira do Côa. Como deverá compreender não só não estava muito disponível para festas, como achei que seria muito mais útil no conforto que pudesse dar aos meus familiares.Imagino o estado de espírito do meu irmão , Presidente da Câmara nessa cerimónia. Noblesse oblige…
Sr. JCL, Sei que não tenho porque me justificar, mas faço-o porque não tenho qualquer problema nisso;a ter de faze-lo tambem não seria com toda a certeza a si que lhe deveria tais explicações…
No entanto eu sou responsável pelos meus actos e acções, e não fujo a factos…;não faz parte da minha forma de ser!
Além nisso,deixe-me que lhe diga não me considero politica, simplesmente pretendo de uma forma ou de outra, dar o meu contribuito em prol dos projectos em que acredito;
Faço-o sempre, de acordo com o que me diz a minha consciência, e com base em ensinamentos do passado que, felizmente, recebi de pessoas que muito (e realmente) contribuiram para elevar o nome do Concelho do Sabugal mais além, e sempre baseando-me em factos, em saberes, em conhecimentos que muitas pessoas do povo (tal como eu!) me ensinaram…
Deixe-me só agradeçer-lhe o seu comentário…
Exma. Membro Ana Vilardell
Como compreenderá não é a mim que deve pedir (ou dar) justificação de falta nem tão-pouco a senha de presença.
Sobre o que a República OFERECE ou não OFERECE neste PEDACINHO de terra todas as opiniões são válidas. Aliás, fazendo a separação entre poder central e poder local, o órgão de que faz parte (Assembleia Municipal) e ao qual concorreu em eleições da República Portuguesa tem como responsabilidade legitimar as decisões (boas e más) e as grandes linhas de acção do executivo camarário sabugalense e, por consequência, do estado actual do concelho.
Mas permita-me que lhe diga que, mesmo depois de ler o seu comentário, mantenho tudo o que escrevi no ponto 3.
Até porque na sabedoria popular há um ditado que diz: Contra factos não há argumentos.
Mas como a política e os políticos nem sempre se alimentam da sabedoria popular…
Com os meus melhores cumprimentos,
José Carlos Lages (JCL)
Sr.JCL, sou honrosamente membro da Assembleia Municipal; é verdade que não estive presente nesta iniciativa,e embora não me deva justificar, creio que devo faze-lo, pelo simples facto de que este País (ou espécie disso), não nos oferece a nós (jovens) condições para viver e trabalhar neste pedaçinho de terra; Acredito que os Srs. que há 100 ergueram a República, sentir-se-iam hoje envergonhados com aquilo que o País ofereçe ao seu povo.
E para que conste, quando por vezes se fala antes do tempo…
Para que conste: sou membro eleito da Assembleia Municipal e não fui.
Irei ao painel “Músicas da República” que me interessa mais.