As «Caminhadas pelo Interior», iniciativa autárquica assaz pertinente e meritória, que colocou as pessoas a andar a pé pelos caminhos vicinais do concelho do Sabugal, deixou-se transformar numa jornada de lambaças que ali vão no intuito de abocanharem à tripa forra e a expensas do erário público.
Se caminhar faz bem à saúde, pelo exercitar dos músculos e pela perda de calorias excessivas, o efeito benéfico pode perder-se quando no final o caminhante se alambaza de comida e bebida.
Ora o caso é que as «Caminhadas pelo Interior» foram lançadas com o fito na angariação de votos e não para o verdadeiro benefício físico de quem as integrava. Assim se andou de roda, de terra em terra, a penates, mas sempre com mesa farta no final das jornadas. Aí os participantes, quase sempre os mesmos, empenhavam-se em voraz trincadeira, empachando-se com os produtos soberbos que a Câmara Municipal lhes dispunha.
De tão recorrente, a caminhada tornou-se o local habitual onde muitos tiraram a barriga de misérias, enchendo o odre com comida e bebida.
Colhidos os votos nas eleições autárquicas, os responsáveis da Câmara notaram que a iniciativa se tornara num encontro de comezaina, deveras dispendioso e nada aconselhável em tempos de crise.
Resolveram então moralizar um pouco a iniciativa, passando a exigir inscrições prévias e o pagamento de 3,5 euros pela refeição. Assim garantiam a continuidade da iniciativa e minimizavam os custos com a compra dos géneros alimentícios, a sua confecção e o demais trabalho logístico associado.
Porém esta acertada e atempada decisão, esbarrou com os hábitos de satisfação desse desejo primário de comer à tripa forra à custa do orçamento, provocando a ira de muitos dos que regularmente participavam nas caminhadas. Viram-se defraudados por terem que desembolsar para garantirem o direito ao manjar, e a Câmara viu-se a braços com as críticas ferozes e boçais daqueles que se habituaram a forragear no final das passeatas.
Como comer e ralhar, tudo vai no principiar, a semente da revolta germinou e os lambaças já se prestam a fazer escândalo. Quem se habituou a empanturrar, julga estar agora perante medidas draconianas e desapropriadas, que farão aumentar a fome no concelho, exigindo o regresso do lauto banquete que alguém lhes surripiou. Acham ter-lhes sido negado um «direito adquirido», do qual será escandaloso abdicar.
Confesso que nunca pensei que um dia se chegasse a tanto, mas a verdade é que estamos perante uns poderosos comilões que tudo ameaçam arrasar e até já clamam pelo regresso dos velhos sobas, do tempo em que a mesa era farta.
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«Contraponto», opinião de Paulo Leitão Batista
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Sr. Paulo Leitão adorei o texto , pois está muito bem escrito . Claro que há pessoas que não o sabem ler , como também não sabem escrever e banalizam tudo.
As caminhadas na minha perspectiva são para caminhar há outros porem que caminhar quer dizer comer……
Que ridículo é tanto escárnio e maldizer por causa de 3.5 € , somos realmente o Portugal dos pequeninos e talvez por isso o Sabugal seja ainda mais pequeno.
Não me espanta que a ameaças vos sejam feitas , mas não deixam de ser uma vergonha.
O assunto deve ser grave para estes senhores pois em tantos anos que os conheço é a primeira vez que leio ameaças publicas. “Talvez se saísse bem… ou tudo isto será dor de cotovelo…picou-se, ou melhor picaram-se, calma que o barco só agora chegou. “
Mas estão a ameaçar quem????? A câmara !!!! pelos 3.5€ . A sabugal + pela receita da comida ou o Capeia Arraiana pelo Magnifico texto com que nos brindou.
Joaquim Oliveira
sempre fui andar a pé . o fim era o mais bonito.a gente comia e bebia o que queria.Agora ja não tem interesse porque já não se come e e preciso pagar.deixei de ir.fazia lembrar as ceifas.eram aqueles ranchos de gente a comer sem pagar só que aqui não era preciso trabalhar, era só andar a pé.Que saudades.
Das caminhadas realizadas até hoje, participei numa. E fiquei com a mesma opinião do senhor Paulo Leitão. Alguns participantes não caminhavam, quase que corriam tal era a pressa de chegar ao sítio dos “reforços”. E depois de umas sandes e bebidas, seguiram para a segunda etapa e toca a apressar o passo, pois estavam os tachos e panelas, mesas bem postas pela associação local e Junta de Freguesia. Caminhar? Gosto de caminhadas, mas ao ritmo a que são feitas, nem sequer tempo para uma ligeira paragem nos locais mais espectaculares. O objectivo era chegar. E por essa me fiquei.
Há várias categorias de “lambanças”… Os piores são os que se agarramm com força às asas do tacho e por inveja e gula nem deixam que os outros comam…
Seria necessário um Artigo destes?!!!
“Ora o caso é que as «Caminhadas pelo Interior» foram lançadas com o fito na angariação de votos”… a primeira caminhada foi, salvo erro de um ou dois meses, em abril de 2007, as eleições em 2005 e em 2009. Parece-me um bocadinho, no minimo, “rebuscado”. Mas também todo o artigo o é!
Sr. Paulo, o Sr. escreveu este artigo com o «dicionário» à mão, diga-lá que não… não foi? Já experimentou esvrever a 2ª versão dos Lusiadas? Talvez se saísse bem… ou tudo isto será dor de cotovelo…picou-se, ou melhor picaram-se, calma que o barco só agora chegou.
Caro Sr Josué,
Vai-me desculpar, mas, ao que parece, quem se sentiu picado foi o senhor.
Paulo Leitão