A morte de José Saramago, o único Prémio Nobel da Literatura da língua portuguesa, deixou a Cultura um pouco mais pobre. Por quatro vezes a sua obra foi transposta para o grande ecrã.
Das quatro obras baseadas em livros de José Saramago que foram alvo das objectivas da Sétima Arte, «Ensaio Sobre a Cegueira» é a mais célebre.
Realizada em 2008 pelo brasileiro Fernando Meirelles, autor de «Cidade de Deus» e «O Fiel Jardineiro», a adaptação desta visão catastrófica da Humanidade, em que uma misteriosa epidemia torna a população mundial cega e acaba por nos mostrar a natureza do Homem quando perde um dos seus sentidos fundamentais através do olhar da única personagem que vê, conta com um elenco de luxo e de várias nacionalidades (Julianne Moore, Danny Glover, Gale Garcia Bernal ou Alice Braga).
Apesar de o tema ser bastante difícil de filmar, senão mesmo impossível devido à própria natureza da obra (no fundo estamos perante um mundo onde as personagens são cegas), Meirelles conseguiu dar uma nova visão da obra de Saramago, uma das mais conhecidas do escritor.
Já antes, em 2000, tinha sido a vez do holandês George Sluizer ter feito uma versão de «Jangada de Pedra», filme que conquistou alguns prémios em festivais de cinema. Nesta história da separação da Península Ibérica do território europeu, rumo aos Açores, uma vez mais surge um elenco internacional, onde se encontram os portugueses Diogo Infante e Ana Padrão.
A mais recente adaptação de uma obra de Saramago ao Cinema ainda está por estrear e baseia-se num conto publicado pelo Nobel em 1978 na colectânea «Objecto Quase». Passado durante uma crise petrolífera, o filme é assinado pelo português António Ferreira («Esquece Tudo o que te Disse») e conta a história do inventor de um digitalizador de pés que perde a oportunidade de comercializar a sua tecnologia por não ter gasolina no carro. Esta obra tem estreia prevista para os próximos meses.
Por fim, há ainda uma curta-metragem de animação feita em 2006 pelo galego Juan Pablo Etcheverry, «A Maior Flor do Mundo», onde o próprio José Saramago é uma das personagens que conta a ideia de um livro infantil, contando uma história de um rapaz que fez nascer a maior flor do mundo.
Todos estes filmes são um exemplo de que a obra de Saramago continua para além dos livros, chegando a outras artes. Para recordar o Homem fica esta última curta-metragem.
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«Série B», crónica de Pedro Miguel Fernandes
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