Os recursos cinegéticos são um importante património da nossa região, com fama desde a antiguidade, tendo inclusive o nosso rei D.Duarte feito uma célebre montaria nas margens do Côa.
As montarias ao javali são um exemplo de património de que a região pode retirar vantagens económicas, e que estão a ser aproveitadas para trazerem pessoas ao concelho, no âmbito de um turismo cinegético mais sofisticado, que pode ser orientado para um nicho de mercado com poder de compra mais elevado, exigente na qualidade de serviços turísticos.
Este turismo cinegético pode ajudar a fortalecer a oferta turística da região, além de contribuir para a melhoria da qualidade de vida, pela transferência de divisas para as zonas rurais, complementaridade com o sector agrícola e fortalecimento da cultura turística e ambiental.
No entanto, a promoção da componente social e lúdica da caça também pode ser associada a outros produtos como o turismo em espaço rural, turismo de natureza, enoturismo, e bird Watch e implicar uma oferta complementar de serviços de alojamento, Hotelaria, restauração, comércio e animação, que podem ser aproveitados pelos agentes económicos locais.
Abrange também uma componente cultural e gastronómica que muitas vezes não é suficientemente valorizada e aproveitada.
As montarias também podem ser aproveitadas para valorizar o património gastronómico da região, com ementas confeccionadas nos restaurantes de referência.
Aqui ficam três receitas bicentenárias e caídas no esquecimento, que podiam muito bem ser confeccionadas pelos nossos restaurantes, associadas ao tema das montarias:
1 – Quartos de javali assados – Esfolado o porco, e feito em quartos, untem-se os quartos dianteiros e trazeiros com toucinho grosso temperado com sal, pimenta e especiarias finas, marinem-se depois em sal, pimenta, vinagre e alhos, e toda a espécie de ervas finas. Depois de marinados, assem-se num espeto e sirvam-se com molho picante.
2 – Lombos de javali assados – Cortados os lombos em todo o seu cumprimento, e limpos de toda a película que os cobre, untem-se com toucinho fino, e depois de marinados e assados, sirvam-se com molho de peverada ligada.
3 – Cabeça de javali – Cortada a cabeça junto às pás, chamuscada e muito bem limpa, tirem-se lhe os ossos do pescoço, dos queixos e toucinho até aos olhos. Deite-se em água para lhe tirar o sangue, e depois de sangrada e enxuta, unte-se com toucinho grosso e tempere-se com muito sal, pimenta, noz moscarda, gengibre, sementes de coentro, folhas de louro, mangericão e manjerona, tudo pisado, cubra-se de pranchas de toucinho, embrulhe-se num pano e ate-se muito bem apertada, meta-se numa panela; deite-se-lhe água e vinho em partes iguais, rodelas de cebola, cenoras, rodelas de limão, salsa, pouco tomilho e alecrim, sal, pimenta preta, e ponha-se a ferver pouco a pouco, cinco a seis horas. Cozida que seja, deixa-se esfriar no seu próprio caldo para tomar mais gosto. Depois ponha-se a escorrer, tirando-se-lhe o pano, e sendo bem enxuta e aparada, sirva-se sobre um guardanapo guarnecido de salsa e de entre-meio.
«Arroz com Todos», opinião de João Valente
joaovalenteadvogado@gmail.com
Cresce água na boca só de ler sobre tais iguarias.
Mas claro está que se dispensa a água com estes manjares.
Ficam mais bem servidos se acompanhados de um bom maduro tinto.
…. e acompanhe-se de um bom tinto!
Boa dica, Sr. João Valente!
João Valente:
Boa sugestão e belos acepipes.
«Quem quiser javali barato, caçe-o no prato!»