Decorreu em Copenhaga entre 7 e 18 de Dezembro a conferência promovida pelas Nações Unidas, sobre alterações climáticas. As expectativas eram bastante elevadas para esta conferência. E, eram bastante elevadas porque se acreditava na possibilidade de um acordo vinculativo para reduzir 2ºC a temperatura no planeta, feita através da redução da emissão de CO2 em 50% nos países desenvolvidos até ao ano 2050 comparativamente a 1990 e de 30% até 2020, limitar o aumento das emissões nos países em desenvolvimento e por ultimo financiar acções destinadas a mitigar os efeitos das alterações climáticas e os esforços de adaptação efectuados pelos países pobres.
Sendo os Estados Unidos da América, conjuntamente com a Rússia e a China um dos principais emissores de gases com efeito de estufa o facto do Presidente Barack Obama se mostrar empenhado em contribuir para o sucesso da conferência e pessoalmente estar presente no final dos trabalhos elevava só por si essas expectativas.
Não podemos esquecer que a Administração Bush, nunca ratificou o Protocolo de Quioto por o considerar contrário aos interesses da economia Americana e não acreditar que aquecimento global do planeta seja provocado pela emissão de gases com efeito de estufa.
Mas, se as expectativas eram grandes hoje quase todos consideram que muito pouco resultou desses trabalhos. Fracasso e decepção são palavras pronunciadas e ditas por muitos dos que acreditavam, que em tempos de desenvolvimento sustentável, um dos seus pilares, o desenvolvimento ecológico e ambiental, tenha sido preterido aos interesses económicos dos principais líderes mundiais.
Desta conferência saiu um acordo, não vinculativo proposto por 28 países, que afirmam a necessidade e a vontade de reduzir a emissão de poluentes. Para além deste acordo de vontades foi aprovado o envelope financeiro de ajuda aos países pobre, 21 mil milhões de euros nos próximos 3 anos e cerca de 70 mil milhões de euros anuais a partir de 2020. Simples e não incomodativo. Os países desenvolvidos e industrializados encontraram as formas de retorno das ajudas aprovadas.
Para uma politica de redução dos gases poluentes, será necessário, entre outras medidas:
– Diminuir a dependência face aos combustíveis fósseis (que satisfazem actualmente 85% das necessidades energéticas a nível mundial), nomeadamente através do aumento da eficiência energética e do desenvolvimento e aplicação de alternativas energéticas de domínio público;
– A defesa da produção local e a redução da amplitude dos ciclos de produção e consumo;
– A travagem da liberalização do comércio mundial, factor de incentivo ao aumento do consumo energético;
– Uma política de preservação de recursos naturais que assente na interacção entre as populações autóctones e o meio em que se inserem, sem lugar à sua gradual apropriação por parte de grandes grupos económicos.
Medidas que vão contra os interesses dos modelos de desenvolvimento económico vigentes. Por isso pergunto:
Alguém acredita que seja possível fazer em Junho em Berlim o que não foi feito em Copenhaga?
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«Largo de Alcanizes», opinião de José Manuel Monteiro
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