Desconheço quem organizou o concerto dos «Táxi», no Sabugal. Lembro-me de ter visto um cartaz em algum local e lá fui eu.
O concerto teve lugar no dia 7 de Agosto de 1982, no castelo do Sabugal, onde foi montado um palco, no local onde, agora, se encontra o anfiteatro.
O público não era muito, o que entra em contradição com o verdadeiro sucesso que os «Táxi» tinham em todo o País.
Os «Táxi» eram um dos grupos mais famosos da época. Tinham já lançado os seus dois primeiros álbuns, «Táxi» e «Cairo». Este último é uma edição, hoje, de colecção, uma vez que é um LP de vinil dentro de uma caixa de lata.
Os «Táxi» eram do Porto. Antes de se chamarem «Táxi» usaram o nome «Pesquisa» e chegaram a gravar um single sob esse nome.
Em 1981, após o boom do Rock português (que teve início em 1980, com Rui Veloso) mudaram de nome para «Táxi» e editaram o seu primeiro álbum, que continha temas como «Chiclete», «Vida de Cão», «Lei da Selva», «Rosete» ou «TV WC», num estilo que misturava o Ska com a New Wave.
A formação da banda era a seguinte: João Grande (voz), Henrique Oliveira (guitarra), Rodrigo Freitas (bateria) e Rui Taborda (baixo).
O primeiro LP teve produção de António Pinho e Aníbal Miranda.
Aníbal Miranda tornou-se empresário da banda, ao mesmo tempo que desenvolvia uma carreira musical, a solo.
Foi Aníbal Miranda que fez a primeira parte dos «Táxi», no Sabugal.
Quando Aníbal Miranda iniciou o concerto disse as palavras «Alto castelão!» referindo-se à imponência do castelo de cinco quinas.
Miranda não era muito conhecido e, ainda por cima, cantava em inglês, numa época em que quase toda a gente o fazia em português, pelo que a sua prestação passou um pouco despercebida. No entanto, não deixou de interpretar «Don’t Shoot», o seu maior sucesso.
A seguir à actuação de Aníbal Miranda, surgiram em palco os «Táxi».
João Grande, o vocalista bem tentava animar as hostes, mas não eram grandes as manifestações de entusiasmo. Lembro-me que alguém comentou a meu lado que o baixista Rui Taborda (um homem bastante alto) era um pouco desprovido de beleza.
O baixista movimentava-se muito em palco, andando, constantemente, de um lado para o outro.
Os «Táxi» interpretaram, claro, os seus grandes sucessos e outros, como «Páginas Amarelas», «Cairo», «Hipertensão» ou «1, 2, Esquerdo – Direito».
Julgo que não houve encore.
Realmente este concerto deixou bastante a desejar. Não só pela pouca afluência de público, mas também porque os «Táxi» se limitaram a tocar os temas como estavam nos discos, sem improvisos ou rasgos de imaginação.
Este concerto só é mítico pelo facto de a banda em causa ser, ela própria, mítica. Musicalmente não teve muito interesse. Aliás, deu para perceber que os «Táxi» não teriam muito futuro, se continuassem no mesmo estilo de música, o que viria a suceder passados cinco anos (e após um interregno de dois anos); quando lançaram um disco cantado em inglês que não obteve qualquer feedback e levou à extinção da banda.
No entanto, a nostalgia está aí e os «Táxi» têm agendado o lançamento de um novo álbum para este ano, após terem tocado no Festival de Vilar de Mouros, em 2006.
Aníbal Miranda regressou ao Sabugal, em Abril de 2005 para assistir ao lançamento do meu livro «Memórias do Rock Português», onde contou aos presentes algumas das suas aventuras por terras raianas.
Nas imagens podem ver-se o bilhete do concerto e uma foto de Aníbal Miranda, na época.
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«Memória, Memórias…», crónica de João Aristides Duarte
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