As Igrejas Cristãs festejam o mistério da Ascensão de Jesus Cristo numa quinta-feira, na semana anterior ao Pentecostes, ou festa do Espírito Santo.
Universalmente é a Quinta-feira da Ascensão. Quando eu era criança, nessa quinta ninguém trabalhava em trabalho servil. Levavam-se as vacas para o lameiro, onde pastavam durante todo o dia, ia-se à missa, de tarde faziam-se as peregrinações pelos campos e, por fim, num monte sobranceiro à paróquia, depois de cantadas as rogações (ladaínhas dos santos) o senhor abade aspergia (abachucava) os campos em nome da Santíssima Trindade.
As famílias levavam cestas e cestos com os farnéis: pão de trigo, enchidos crus de comer à faca – quem era rico levava galinha assada –, e bolos de pão de trigo com ovos e açúcar. Tinto que bastasse, nunca era muito! Se bem que as crianças só tivessem de beber água, mas também comiam do primeiro queijo mole das ovelhas e das cabras.
Quinta-feira da Ascensão como que acabou em Portugal. O Estado laicista acabou com esse dia de festa. E a Igreja, por forma a salvar o espírito da festa, transferiu-a para o domingo mais perto dessa Quinta-feira, que é o domingo antes do Pentecostes.
No Ribatejo ainda os povos celebram essa gozosa Quinta, porque algumas Câmaras tornaram esse dia feriado municipal. Em Riba Coa, não sei o que se faz, ou se faz. Naturalmente nada!
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«Carta Dominical», por Jesué Pinharanda Gomes
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Fevereiro de 2007 a Setembro de 2018)
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