O Procurador-geral da República (PGR) concedeu uma longa entrevista ao semanário Sol, publicada na edição de hoje, onde fala na sua infância e na ida para o Sabugal frequentar a escola primária. Questionado sobre os amigos desses tempos referiu os nomes de vários sabugalenses que guarda no coração.
A entrevista tem afirmações bombásticas que estão a criar polémica. Sem papas na língua o intrépido PGR afirma: «Acho que as escutas em Portugal são feitas exageradamente. Eu próprio tenho muitas dúvidas que não tenha telefones sob escuta. Como é que vou lidar com isso? Não sei. Como é que vou controlar isso? Não sei. Penso que tenho um dos telemóveis sob escuta. Às vezes faz uns barulhos esquisitos.»
Todos conhecemos a ligação do Juiz Conselheiro Pinto Monteiro ao Sabugal, onde viveu com os pais durante uns anos, e ele também nunca esquece de o referir nas poucas entrevistas que tem concedido. À questão «Ainda tem amigos do tempo da escola?», responde com grande pormenor: «Sim, mas tenho tido grandes desgostos, pois alguns já morreram. Um grande amigo, o João Pereira – que andou comigo na escola primária, no liceu e que depois morou na mesma casa em Coimbra – morreu há três ou quatro anos, com um cancro, e era médico cirurgião em Coimbra, em oncologia. Outro era o Fitz Quintela, advogado que há uns anos foi morto por engano numa perseguição policial, em Monsanto. Um dos colegas de escola com quem mais convivia era o Luís Eduardo Manso, que é médico em Coimbra. E ainda a Helena Quintela, pintora, que não vejo há muito.»
Ora todos estes saudosos amigos de infância do PGR são do Sabugal. O João Pereira, cirurgião, já falecido, que era filho do conhecido médico Adalberto Pereira, natural das Aranhas mas fixado no Sabugal. O Fitz Quintela, filho do antigo secretário da Câmara, o Senhor Tita, jovem advogado falecido tragicamente e que foi fundador da Casa do Concelho do Sabugal em Lisboa e autor dos seus estatutos. A Helena Quintela, que é a conhecida pintora Helena Liz, igualmente filha do Senhor Tita e actualmente radicada em Madrid. O Luís Eduardo Manso, filho do prestigiado Dr Francisco Maria Manso, hoje reputado médico em Coimbra, mas que tem igualmente consultório no Sabugal.
Mas o mais surpreendente da entrevista do PGR é quando é instado a dizer se algum professor o marcou. Na resposta foi mais uma vez foi ao encontro do Sabugal:
«Desde logo o professor Cavaleiro, que é um dos meus heróis. Era um homem maravilhoso. Não tinha filhos e os últimos dois Natais da vida dele foram passados em minha casa, já ele tinha 85 anos. Era um bom professor, extremamente rigoroso e um homem que amava a vida. A imagem que tenho dele é a rir. Também era caçador. Além disso era amigo da minha família e até foi padrinho de um dos meus filhos.»
Para além das recordações de infância, o PGR dá uma entrevista profunda, sem tabus e sem receios, abordando frontalmente todos os temas que lhe são propostos. Mostra que é um homem de coragem, empenhado em mudar a face da justiça em Portugal.
plb
Pois eu também partilho deste orgulho, neste momento muito cimentado no meu imaginário de estudante, de ver um dos nossos “rapazes” dos anos sessenta/ setenta, ser hoje um dos mais altos representantes do nosso Estado.
Sou uns anitos (poucos) mais nova mas sinto-me um pouco vaidosa por ter morado numa casa “pegadinha” a um estabelecimento do Pai do agora Sr. PROCURADOR-GERAL.
Anos de convivência íntima com o senhor seu pai e alguns dos irmãos que hoje, à distância do passado longínquo, ainda continuam a ser muito sentidos, na saudade.
Do Sr Procurador-Geral, guardo a imagem dum “guapo” estudante coimbrão, por quem muitas meninas, na altura e principalmente quando vinha de férias, suspiravam.
Ah pois é…
Boa sorte Sr. Procurador-Geral e “olhe” por todos nós!